segunda-feira, 21 de abril de 2025

Morte de Tiradentes tem contestação!


 INCONFIDÊNCIA MINEIRA

Para historiador, ladrão teria assumido identidade em troca de dinheiro
Morte de Tiradentes tem contestação
São Paulo, Quarta-feira, 21 de Abril de 1999 

do enviado especial ao Rio

Há 30 anos o historiador carioca Marcos Correa 
vem tentando comprovar sua suspeita de que Tiradentes não morreu enforcado em 21 de abril de 1792.
A desconfiança lhe surgiu em Lisboa, em 1969, quando Correa viu fotocópias de listas de presença na galeria da Assembléia Nacional francesa em 1793. 
Lá, estava a assinatura de José Bonifácio de Andrada e Silva, que era o objeto de suas pesquisas naquela época.
Próximo à dele, também aparecia a de um Antonio Xavier da Silva. Funcionário do Banco do Brasil, Correa se formara em grafotecnia e, por acaso, havia estudado muito a assinatura de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
Com o auxílio do amigo português professor Rodrigues Lapa, Correa confrontou as assinaturas de Antonio e Joaquim José: "a semelhança era impressionante".
A partir dali, começou a sua "busca da verdade" sobre Tiradentes, que ele espera ver publicado em livro no ano que vem.

Sem sentido
Uma renomada especialista em Inconfidência Mineira, Laura de Mello e Sousa, acha que a hipótese de Correa "não faz sentido nenhum" e é "pouco provável".
Embora admita só ter "evidências circunstanciais", no entanto, Correa, 70, baseia-se em autores do passado e em descrições de eventos de contemporâneos da Inconfidência para tecer seu enredo.
Segundo ele, um ladrão, o carpinteiro Isidro de Gouveia, condenado à morte em 1790, assumiu a identidade de Tiradentes em troca de ajuda financeira à sua família, oferecida a ele pela maçonaria.
Correa, ex-professor da Universidade Santa Úrsula, no Rio, cita testemunhas da caminhada de Tiradentes ao cadafalso que se diziam surpresas porque ele aparentava ter menos que seus 45 anos.
Citando um livro de Martim Francisco Terceiro ("Contribuindo", de 1921) e outro de Hipólito da Costa ("Narrativa da Perseguição", de 1811), entre outros, Correa vai desfiando suas hipóteses.
Tiradentes teria sido beneficiado por um dos juízes da Devassa, o poeta Cruz e Silva, que tinha sido amigo de muitos dos inconfidentes (Laura Mello e Souza diz que Cruz e Silva, na verdade, foi designado para endurecer o tratamento penal dado a seus ex-amigos).
De acordo com Correa, Tiradentes havia salvado a vida de Cruz e Silva, que também era maçom.

Amante
O juiz nunca mais voltou a Portugal, mas, segundo Correa, Tiradentes, sua amante (conhecida como Perpétua Mineira) e os filhos de Isidro de Gouveia embarcaram incógnitos na nau Golfinho, em agosto de 1792, para Lisboa.
Correa fala de carta do desembargador Simão Sardinha, na Torre do Tombo, em Lisboa, na qual diz ter-se encontrado, na Rua do Ouro, em dezembro de 1792, com alguém parecido com Tiradentes, a quem conhecera no Brasil, que saiu correndo quando o viu.
Pela teoria, Tiradentes voltou ao Brasil em 1806, abriu uma botica na casa da Perpétua Mineira, na rua dos Latoeiros (hoje Gonçalves Dias), e morreu em 1818. (CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA)

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Atlântida segundo Platão...

 

 Neste mapa do século 17, com o topo voltado para o sul, Atlântida é mostrada entre a América  (à direita) e a África e Europa. 
Durante a Era da Exploração, os europeus usaram a história da Atlântida para explicar a origem das complexas sociedades indígenas
 que eles encontraram nas Américas e no Pacífico.

Será que Atlântida realmente existiu?

A falta de provas para esta ilha supostamente submersa no mar não impediu que as pessoas continuassem a procurá-la – algumas até insistindo que os arqueólogos estavam escondendo do público provas da cidade perdida.

A história de Atlântida é obra do filósofo grego Platão, que introduziu a ilha em dois de seus diálogos socráticos (Timaeus e Critias), do século 4 a.C. Platão a chamou de Atlantis nêsos, ou a "ilha de Atlas", e não pretendia representar o auge da humanidade, mas sim a civilização insular como um complemento fictício da verdadeira cidade de Atenas. 

Nos diálogos de Platão, a Atlântida é apresentada como um estado sofisticado que caiu depois que seus arrogantes governantes tentaram invadir a Grécia. Em retaliação ao desejo de poder de seu povo, Platão relata que a Atlântida foi castigada pelos deuses ao desencadear desastres naturais que a mergulharam no mar e aniquilaram todo o seu poder remanescente.

"Platão é um mentiroso", diz Flint Dibble, arqueólogo e pesquisador da Marie-Sklodowska Curie, na Universidade de Cardiff, no Reino Unido. "Ele nunca afirmou que estava escrevendo história verdadeira”.

Mas embora os diálogos de Platão incluam muitas pistas de que a cidade era imaginária, a ideia da Atlântida tem alimentado a imaginação desde então, com afirmações de que era um lugar real cujos restos mortais contêm evidências de uma civilização superior perdida.

Centenas de anos após a morte de Platão, a história da Atlântida começou a ressurgir primeiro nos escritos de filósofos cristãos e judeus, e depois em obras especulativas de autores como Sir Francis Bacon, cujo o romance A Nova Atlântida foi publicado postumamente em 1626. No livro, Atlântida é uma sociedade utópica em uma remota ilha do Pacífico, cujos habitantes são cultos, humanos e profundamente cristãos.

Na época, os europeus estavam enfrentando uma mudança radical em sua visão de mundo, que se expandia dramaticamente com o aumento do contato entre europeus e índios nas Américas e no Pacífico durante a Era da Exploração.

"O mundo ocidental estava desesperado para entender como novos continentes com habitantes poderiam existir, de onde vieram e como se encaixam na história bíblica ou clássica", diz Anderson, que irá explorar a atração de Atlântida em seu próximo livro Weirding Archaeology. Em vez de reconhecer que os povos indígenas poderiam ter desenvolvido suas próprias civilizações, observa Anderson, os europeus usaram a história de Atlântida como uma possível explicação para as estruturas e sociedades que encontraram nas Américas.

Entre eles estava Charles de Bourbourg, um padre francês que compilou textos mesoamericanos e ligou a civilização maia a uma verdadeira Atlântida. Os escritos de Bourbourg inspiraram Augustus Le Plongeon, um arqueólogo britânico-americano que tentou encontrar Atlântida no Yucatan, no final do século 19.

Ele foi seguido por Ignatius Donnelly, um escritor e político americano cujo livro Atlântida: O Mundo Antedeluviano, publicado em 1882, apresentou uma teoria unificada da Atlântida como um continente perdido que havia sido destruído pelo mesmo Dilúvio descrito na Bíblia hebraica e cujos habitantes tecnologicamente avançados e sobre-humanos supostamente haviam dado origem a civilizações modernas em todo o mundo.

"Ele usa a história de Atlântida para tentar explicar toda a história", diz Dibble, e quase todas as representações modernas de Atlântida ecoam a teoria sensacionalista de Donnelly.

"Para começar, a arqueologia grega mostra porque Atlântida não é um lugar real e porque não deveríamos sequer estar procurando por ela", diz Dibble, que fez uma extensa pesquisa nas antigas ruínas de Atenas e está escrevendo um livro sobre o mito de Atlântida. Nos diálogos de Platão, o filósofo apresenta Atlântida como um antagonismo com a cidade-estado de Atenas, mas mesmo as características geográficas de sua descrição de Atenas não correspondem ao registro arqueológico.

"Não é algo que tenha um núcleo histórico", diz Dibble. Nem a cidade fictícia aparece em obras de arte da época de Platão, indicando que a Atlântida era mais um produto da imaginação do filósofo do que uma crença popular generalizada.

"Se você pensa que o estudo do mundo antigo é para resolver um enigma ou desvendar as pistas de um enigma, você está preso em um mundo de fantasia criado por escritores de ficção", diz Anderson. "É um mundo divertido para brincar, mas não é uma verdadeira pesquisa arqueológica".

Além disso, as afirmações sobre a Atlântida não são todas divertidas. As especulações do século 19 sobre Atlântida ajudaram a inspirar teorias raciais nazistas, tais como que o continente era a pátria dos arianos racialmente superiores. E a insistência de que uma civilização perdida foi responsável pelas magníficas cidades da América pré-colonial minimiza as conquistas reais dos povos indígenas que as construíram.

"Não creio que todos que acreditam que esta seja necessariamente uma supremacia racista ou branca, mas o mito da Atlântida reforça a supremacia branca", adverte Dibble. Ambos os estudiosos acrescentam que a busca da suposta "ilha perdida" mina o trabalho dos arqueólogos legítimos, cujas descobertas em todos os continentes podem ser negligenciadas, ignoradas ou desacreditadas por causa da fixação permanente do público no imaginário.

"Segundo Platão, a Atlântida estava tentando destruir a civilização. Era o vilão da história de Platão", reflete Anderson. 

Em vez de ficar obcecado com a possibilidade de que a ilha existisse, Anderson acrescenta, vale a pena revisitar a arrogância de Platão e os perigos do poder desmedido, temas que continuam a ressoar 24 séculos depois que o filósofo contou sua história pela primeira vez.

fonte - POR ERIN BLAKEMORE - PUBLICADO 24 DE ABR. DE 2023

https://www.nationalgeographicbrasil.com/historia/2023/04/sera-que-atlantida-realmente-existiu

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