PODER E A GLÓRIA DO IMPÉRIO ROMANO
Como um pequeno povoado as margens do rio Tibre transformou-se no mais poderoso e rico Império do Ocidente? E de que forma esse Império que dominou um território maior que a China atual, encontrou seu trágico fim? Um panorama da história romana desde a lendária fundação de Roma no século 8 a.C até a queda do último imperador em Constantinopla, no ano de 1453.
Arquitetura, literatura, engenharia, júris prudência, administração pública, questões militares, língua. O vasto Império formado pelos romanos que chegou a contar com 50 milhões de habitantes vivendo desde o ensolarado Egito até a gélida Escócia, ainda hoje influência nosso cotidiano. O direito ao voto, por exemplo, já era respeitado em Roma desde o século 2 a.C.
O mais famoso romano, Júlio César, acelerou em Roma a passagem de uma República em desagregação a um império poderoso. Após ser assassinado em 44 a.C. seu nome tornou-se o título do governante supremo.
Foram necessárias décadas para que os líderes europeus conseguissem colocar em prática um conceito revolucionário e extremamente polêmico: a adoção de uma moeda comum em toda a Europa. Por causa dessa idéia visionária, governos caíram, os ânimos e acusações foram trocadas em diversas línguas, tanto românicas como germânicas. Tão explosivas eram as questões em torno do euro que muitos consideravam impossível criar uma moeda única para tantos e tão diversos povos.
No entanto, houve uma época – que remonta a muitos séculos – em que uma única moeda, um único código de Leis, um único exército e um único imperador eram respeitados num imenso trecho do mundo ocidental, incluindo a região central da Europa, boa parte do oeste da Ásia e a área setentrional da África, indo desde o oceano Atlântico até o mar Morto. Isso aconteceu durante a existência do império Romano, que pacificou e unificou toda a orla do mar Mediterrâneo – uma extraordinária em termos da arte de governar. Muito antes de existir automóvel, aviões ou internet, os imperadores romanos mantinham a famosa Pax Romana em um território com cerca de 5 mil quilômetros de extensão, o qual hoje se espalha por mais de 40 nações. E tudo isso os romanos conseguiram demonstrando gênio administrativo e tolerância para a diversidade cultural, os quais, vez por outra, eram entrecortados por explosões da mais absoluta desumanidade.
Para os tribunos, mercadores ou coletores de impostos que percorriam os 85 mil quilômetros de estradas pavimentadas do Império romano no século 3 d.C, uma moeda comum para quinze países da Europa Ocidental teria sido algo trivial. Afinal, para os súditos do Império, que contavam cerca de 50 milhões de pessoas, vivendo desde o Egito até a Escócia, havia uma única moeda: o denário. Em certo sentido isso continua até hoje.
A História de Roma é uma narrativa repleta de personagens e expressões que todos nós já ouvimos alguma vez na vida: Veni vidi vinci ( Vim ,vi e venci); Marco Antonio e Cleópatra; hábeas corpus; mens sana in corpore sano; os vândalos e os visigodos: Átila o Huno.
Todavia, a fim de contar a história de Roma, precisamos antes resolver um grave problema de definição – ou seja, precisamo9s dizer o que entendemos pelo termo “romano”. O âmbito da história romana, desde a lendária data de fundação da cidade no século 8 a.C. até a queda do último imperador em Constantinopla no ano de 1453, estende-se por mais de 2200 anos. Em geral, contudo, o período posterior a mais ou menos 500 d. C. – época em que o poderio imperial havia se transferido da península italiana para a nova capital em Constantinopla ( Bizâncio) – é mais conhecido como o do Império Bizantino. Para a maioria dos historiadores, a época propriamente romana vai de cerca de cinco ou seis séculos antes do nascimento de Cristo até cinco ou seis séculos depois.
O chamado Sacro Império Romano, (tema já abordado anteriormente aqui neste blog e ainda como indicação de leitura na página principal do mesmo) uma liga de Estados germânicos e italianos fundada por Carlos Magno no ano de 800 d.C. é algo completamente diverso.
Tal como muitos outros elementos da nossa vida moderna, também devemos aos romanos, a capacidade de medirmos com precisão tais períodos de tempo. No século 1 a.C. dois césares - Júlio ( de onde veio o nome do mês de julho) e Augusto ( daí o do mês de agosto) – organizaram o calendário que usamos até hoje, com seus 12 meses, 365 dias e um dia adicional a cada quatro anos. Este é um exemplo típico da acurada engenharia romana: cada ciclo de um ano foi calculado de forma tão racional que está apenas 11 minutos fora de sincronia com o efetivo trânsito da Terra em torno do Sol. Mesmo após a invenção desse ano juliano, porém, os romanos continuaram contando os anos como UAC – ab urbe condita, ou seja, ! a partir da fundação da cidade”. Diz a tradição que a cidade de Roma foi fundada em 753 a.C. claro que esta é uma cronologia lendária, mas em termos históricos é 8uma data tão boa quanto qualquer outra para assinalar o momento em que os pastores e lavradores nos montes em torno dos charcos junto ao rio Tibre criaram uma comunidade desde então conhecida como Roma. Segundo os narradores romanos, o nome daquele vilarejo veio dos gêmeos Rômulo e Remo, órfãos amamentados por uma loba às margens do Tibre. Já os estudiososmodernos afirmam que o nome é de origem etrusca ou grega – talvez de rhome, termo grego que significa “forte”.
Talvez a maior jóia da arqueologia romana seja o porto de Pompéia, aninhado num vale entre o azul brilhantes da baía de Nápoles e as encostas verdes do monte Vesúvio. No século 1 d.C. Pompéia era uma bela e prospera cidade balneária. Contava com aproximadamente 12 mil moradores e todos os verões, recebia outras centenas de pessoas que vinham de Roma para aproveitar suas casas junto ao mar.
Então, em 24 de agosto de 79, um quente dia de verão, perto do meio dia, a população de Pompéia, viu uma gigantesca nuvem se formando sobre a montanha ao norte da cidade. Aquela nuvem de cinzas vulcânicas assinalava o início de uma erupção fenomenal que arrancou o topo do Vesúvio soterrou a cidade sob cerca de 3,5 metros de cinzas e rochas, e lançou sobre a região uma camada de gases tóxicos. Milhares de pessoas morreram.
Um homem curioso, ao invés de afastar do vulcão, tentava chegar mais perto possível dele. Era o grande naturalista romano Plínio, o Velho. Ao contemplar a erupção de uma distância segura, em sua casa nas cercanias de Nápoles, o renomado observador científico não conseguiu se conter. Disparou rumo a Pompéia, a fim de colher dados em primeira mão sobre o prodigioso fenômeno. A curiosidade de Plínio custou-lhe a vida.
Graças aos achados desses incansáveis escavadores e também amo imenso registro documental deixado pelos próprios romanos, os historiadores conseguiram montar um quadro abrangente de fundação da cidade.
Sabemos assim que, no início os romanos viviam sob o domínio dos etruscos, uma poderosa nação que ocupava a região central da península itálica. Agastadas sob uma monarquia muitas vezes brutal, as principais famílias de Roma se rebelaram e derrubaram o soberano etrusco – uma revolução que iria influenciar, cerca de 2200 anos depois, o pensamento de Thomas Jefferson e George Whashington.
No ano de 244 AUC ( ou seja, em 509 a.C. ) as famílias de Roma estabelecer uma forma quase representativas de governo. Nesse sistema, dois cônsules eram eleitos para governar em conjunto durante um ano. Com isso teve inicio a republica romana, uma forma de governo que iria perdurara ater que Júlio César cruzasse o Rubicão 460 anos mais tarde.
Esses cinco séculos foram marcados por uma crescente prosperidade e pela ampliação da democracia.havia basicamente trêrs classes de pessoas na Roma republicana: os escravos; as pessoas comuns, chamadas de “plebeus”, entre os quais se incluíram muitos ex-escravos libertos; e, por fim, os patrícios, descendentes das primeiras famílias dominantes que, por direito de nascimento, eram membros de uma das grandes instituições de governo da Antiguidade, o Senado romano.
Quando seguiam em direção a guerra, as legiões levavam altos estandartes nos quais se podiam ler as famosas iniciais SPQR: senatus populusque Romanus, ou seja, “ o Senado e o povo de Roma. Em grande medida, porém, a história da República romana foi a história da luta entre os senadores( os patrícios) e o povo (plebeus), com a plebe conquistando aos poucos cada vez mais poder político.
Por volta do século 2 a. C. o direito de voto estava tão solidamente implantado entre os plebeus que Roma dispunha de um vigoroso sistema político. Havia partidos e facções, troca de favores por contribuições financeiras, bandeiras e cartazes, campanhas de difamação e um exaltado grupo de críticos do processo eleitoral.
Marco Licínio Crasso era um político tão rico e tão encantado com a ostentação de riqueza que seu próprio nome passou a fazer parte das línguas moderno como adjetivo. O crasso sr. Crasso era dono de negócios que iam desde minas de prata até tráfico de escravos, mas talvez o mais lucrativo deles fosse a sua brigada particular de combate a incêndios.toda vez que uma casas pegava fogo, sua carroça-pipa puxada por cavalos abria caminho pelas ruas calçadas com pedras. O mais comum era que Crasso acabasse liquidando o incêndio e tornando-se dono do imóvel, obrigando o antigo proprietário a pagar-lhe aluguel pelo resto da vida.
É bem provável que Crasso fosse o homem mais rico de Roma, mas o que almejava era outra coisa: o poder político. Nesse sentido, não media e gastos para conquistar o favor da população. Ao esmagar a revolta de escravos liderada por Espartaco em 71 a.C. – o0s escravos crucificados ficaram expostos às margens da Via Ápia por uma extensão de cerca de 150 quilômetros - , Crasso celebrou a vitória instalando 10 mil mesas de banquete no Foro, às quais os cidadãos de Roma puderam comer de graça durante dias.
Outra de suas medidas foi investir criteriosamente em determinados políticos. Um de seus beneficiários foi era uma ambicioso jovem chamado Júlio César. E quando a estrela dele começou a brilhar, o mesmo ocorreu com a de Crasso. Em 60 a.C. , ele atingiu o ápice de sua carreira tornando-se um dos triúnviros que controlavam o aparelho do Estado. Depois disso a única coisa que lhe restava alcançar era a glória milita, Crasso tratou de montar um exército particular. Cezar não se fez de ropgado e logo o enviou para a Síria, a fim de combater os traiçoeiros partos.
O pobre Crasso teve fim drástico; a expedição militar foi um desastre, com suas tropas humilhadas e aniquiladas na batalha de Carras em 53 a.C. quando perceberam que haviam morto o mais rico romano, contas uma antiga história que os partos derramaram ouro fundido na garganta de Crasso, para que sua sede permanente pelo metal precioso fosse então saciada na morte.
Por volta de meados do século 1 a.C. Roma era um poço de intrigas políticas e agitação civil. A impressão que se tinha era que as únicas boas notícias vinham de remotas frentes de batalha, e a população esperava com ansiedade tais informes. César, toa competente no manejo das palavras, quanto no comando das legiões, transformou em uma arte a composição de seus despachos militares. O triunfo desse gênero literário foi a famosa mensagem que enviou a Roma após trucidar os partos em Zela no ano de 47 a.C.: “Veni, vidi, vinci” “Vim, vi e venci”. Em toda a história militar, só se conhece outro informe mais famoso, o qual comentarei mais adiante.Quando César atravessou o Rubicão em 49 a.C., juntamente com suas tropas desafiando as ordens do Senado, parecia evidente que ele não se contentaria com nada menos do que o poder absoluto. Os conspiradores que o assassinaram nos idos de março de 44 a.C, provavelmente acreditaram estar salvando a democracia romana.
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