quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Custos e benefícios do “coração a coração” - Luigino Bruni publicado em Città Nuova nº.3 - 2010

Custos e benefícios do “coração a coração” Escrito por Luigino Bruni publicado em Città Nuova nº.3 - 2010


Há empresas, organizações, associações que organizam eventos e os divulgam através do envio de e-mails para milhares de pessoas: com um clique chegam a milhares de pessoas, e economizam tempo e dinheiro em comparação com os métodos arcaicos de poucos anos atrás (telefone, correio ...).
Muitas vezes, mesmo muitas vezes, acontece, no entanto, que estes eventos são realizados em salas quase vazias, e que de milhares de pessoas contatadas apareçam apenas algumas.
Por quê?
Reduzir os custos nem sempre é positivo do ponto de vista social. Quando recebemos um convite para uma conferência com centenas de outras pessoas, talvez com o cabeçalho anônimo: "Exmo Senhor”, estamos bem conscientes de que este convite teve um custo de apenas alguns segundos de tempo e, justamente por isso, nos deixa indiferentes.
Mas quando recebemos um e-mail, ou melhor, uma carta ou um telefonema pessoal, sabemos que este maior custo ou empenho exigido por esta forma de comunicação é também um sinal de maior atenção em relação a nós.
Isto é expressão de uma tendência mais geral das relações humanas.
Considere, por exemplo, a gramática relacional dos dons: quando recebemos um presente que sabemos que não custou nada ou muito pouco ao doador (em termos de tempo e/ou dinheiro), não se tende a apreciá-lo.
E esta é a principal razão que explica a existência de uma norma social de importância universal: não reciclar presentes para fazer outros "presentes".
Se quisermos atingir os objetivos é necessário fazer investimentos: Se quiser fazer com que alguém exceda a força de inércia exercida pela TV plasma que, "graças" ao mercado de hoje dá-nos mais e mais programas, e fazer com que depois do jantar saia para participar de uma reunião cultural ou espiritual, é preciso investir tempo e esforço, senão não se ultrapassa a barreira do som da nossa sociedade de consumo, e os nossos sinais são perdidos no magma dos muitos sinais que nos atingem superficialmente todos os dias.
Temos de aprender a recuperar a comunicação cara a cara: a reduzir os telefonemas, os e-mails, as SMS, e usar essa economia de tempo para ir bater à porta de alguém: os frutos desse investimento de tempo economizado são muito abundantes, também porque numa sociedade que vive no virtual, o encontro humano coração a coração está tornando-se cada vez mais escasso e, portanto, de crescente valor

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