O PRIMEIRO IMPERADOR ROMANO CRISTÃO
Na guerra civil de 312, na qual dois líderes romanos, Constantino e Maxêncio, disputaram o controle do Império, ao meio dia, ao contemplar o céu, Constantino viu uma flamejante crua brilhando acima do sol. Inscrita nela estavam as palavras In hoc signo vinces – “com esse símbolo serás vitorioso”. Diga-se de passagem, até bem pouco tempo a mesma frase podia ser lida nos maços de cigarros da marca Pall Mall.
Logo após ter alcançado de fato a vitória, Constantino publicou seu famoso édito de tolerância. Bem mais tarde, já em seu leito de morte, ele seria batizado, tornando-se assim o primeiro imperador romano cristão. Outra das medidas de Constantino foi transferir a capital do império para uma opulenta cidade oriental, que recebeu o nome de Constantinopla. Um subimperador ainda permaneceria em Roma por cerca de mais um século, mas agora o verdadeiro poder já estava em outra parte. A partir de então a igreja cristão – e seu bispo em Roma o papa – passaria a dominar o mundo ocidental. E à medida que o império Romano desmoronava, a Igreja de Jesus iria preservar grande parte do esplêndido legado do império – a língua, a jurisprudência, a literatura, a arquitetura e a engenharia – pelos séculos seguintes.
O LEGADO
O próprio Quinto Horácio Flaco admitiu ser um péssimo soldado. Ele lutou ao lado da facção derrotada nas guerras civis. Pior ainda, ao receber a ordem de atacar, largou seu escudo e saiu correndo na direção oposta. De volta a Roma arrumou um cargo menor no funcionalismo público, como assistente de um questor – uma função subalterna, mas que lhe proporcionava tempo para escrever seus poemas. Ele acabou conhecendo grandes arquitetos e construtores, juízes, escultores e líderes políticos. Mas, Quinto Horácio Flaco nunca governou uma província, nunca construiu um aqueduto ou um templo, nem mesmo criou uma estrutura de bronze notável.
Mesmo assim, quando esse nobre romano mais conhecido por nós como o poete Horácio, sentou-se em 23 a.C. para avaliar o que havia realizado na vida, a conclusão a que chegou foi que seus poemas iriam sobreviver a todas as conquistas e obras de soldados e construtores:
Exegi monumentum aeri perennius
Regalique situ pyramidum altius...
Nom omnius moriar.
Ergui um monumento mais
durável que o bronze,
Mais alto que o majestoso pico
Das pirâmides...
Nunca vou morrer de todo.
Esse famoso epílogo do livro terceiro das Odes de Horácio foi citado à exaustão como testemunho da imortalidade da literatura. Mas também poderia servir de homenagem ao Império Romano e às incontáveis influências romanas que ainda continuam marcando nossas vidas cotidianas cerca de 15 séculos depois da derrocada das Muralhas de Roma.
No século 2 d.C, cerca de 50 milhões de pessoas, vivendo em três continentes, prosperavam sob a proteção da Pax Romana. Mas depois, tal como ocorreu com todas as grandes potências ao longo da história, Roma também chegou ao fim.
A contínua influência de Roma está refletida por toda a parte em nossa língua, literatura, jurisprudência governo, arquitetura, medicina, esportes, artes, obras de engenharia, entre outros.
Muito dessa influência está de tal modo arraigado que mal temos idéia de nossa dívida para com os antigos romanos. Basta considerar a língua, por exemplo. Hoje um número cada vez menor de pessoas orgulha-se de conhecer o latim e, no entanto se voltarmos ao inicio desse parágrafo e eliminarmos todas as palavr5as vindas diretamente do latim não vai sobrar nada.
A influência romana sobre as línguas modernas é tão básica quanto o próprio á- bê – ce. Atualmente o alfabeto mais utilizado no planeta é aquele que os romanos aperfeiçoaram e disseminaram por todo o Ocidente durante suas conquistas. As letras maiúsculas que usamos mesmas que os romanos liam em 600 a. C.; e as minúsculas forma criadas por editores romanos em torno do ano 300 d.C. desde então as únicas alterações no alfabeto ocorreram na época medieval, quando o valor consonantal do I passou a ser indicado com uma letra distinta, o J; e o V foi dividido em U, V e W. por isso, quando lemos uma inscrição antiga sobre “ IVILIVS”, trata-se de algo sobre “ JULIUS”, ou Júlio.
Com base nesse alfabeto, os romanos aperfeiçoaram uma língua tão lógica e vigorosa quanto suas muralhas interconectadas que permanecem de pé ao longo dos séculos. Tal como muitas outras coisas da vida romana, o latim era uma língua inteiramente racional e pragmática, outra esmerada obra de engenharia. Por esse motivo, há 2 mil anos educadores de todo o mundo ocidental vêm insistindo no ensino do idioma latim como um excelente instrumento para o aprendizado dos mecanismos fundamentais de qualquer outra língua.eles não Têm como objetivo que os estudantes consigam ler Horácio, embora esta seja uma conseqüência das mais agradáveis, mas que sejam capazes de melhor entender tanto a sua própria língua quanto as outras.
Houve uma época em que todo mundo que passava pelos bancos escolares aprendia latim. Durante séculos, quase todos os soldados com boa formação conheciam um pouco de Júlio César incluindo o famoso informe que enviou do campo e de batalha de Zela: “Vini. Vidi, vinvi” - já citado anteriomente neste mesmo artigo – esta foi considerada a melhor mensagem militar durante cerca de 1900 anos – até o fatídico dia em que o general britânico sir Charles James Napier enviou um despacho em latim ainda mais conciso.
Napier partira com a missão de capturar Sindh atualmente no Paquistão. Em Dhéli, seu superior, lorde Ellensborough, ficou aguardando ansioso por notícias, apara saber Napier conseguira tomar Sindh. Por fim chega a mensagem da frente de batalha, rasgando o envelope, lorde Ellensborough, vê que o telegrama contém apenas uma palavra: Peccavi. Naturalmente, os oficiais do quartel general britânico reconheceram de imediato que se tratava do tempo passado do verbo latino pecco, que significa “ Eu Peco”. Portanto, a mensagem era “ Eu pequei”. Eu explico, em inglês, I have sinned, cujo som é idêntico a I have Sindh, ou seja, “ Eu domino Sindh”.
( Continuo noutro dia ) 22 /09/2009