Desnaturalização
É muito comum no nosso cotidiano ouvirmos a expressão: “– Isso é natural”.
Esta expressão nos remete à idéia de algo que sempre foi, é ou será da mesma forma, imutável no tempo e no espaço.
Em conseqüência, é por isso que também ouvimos expressões como: “ - É natural que exista a desigualdade social, pois afinal está na Bíblia e os pobres sempre existirão”.
Assim, as pessoas manifestam o entendimento de que os fenômenos sociais são de origem natural, nem lhes passando pela cabeça que tais fenômenos são na verdade constituídos socialmente, isto é, historicamente construídos, resultado das relações sociais.
Para desfazer esse entendimento imediato, um papel central que o pensamento sociológico realiza é a desnaturalização das concepções ou explicações dos fenômenos sociais.
Há uma tendência sempre recorrente de se explicarem as relações sociais, as instituições, os modos de vida, as ações humanas, coletivas ou individuais, a estrutura social, a organização política etc. com argumentos naturalizadores.
Primeiro, perde-se de vista a historicidade desses fenômenos, isto é, que nem sempre foram assim; segundo, que certas mudanças ou continuidades históricas decorrem de decisões, e essas, de interesses, ou seja, de razões objetivas e humanas, não sendo fruto de tendências naturais.