segunda-feira, 21 de junho de 2010

O QUE É CONCEITO ?

o que é uma idéia ou um conceito?

4 o algarismo é um conceito que representa uma idéia, qual seja a do número quatro (tudo é número, diz Pitágoras), que pode ser representado por inúmeras formas = IV, IIII, etc. Deduzimos que conceito "são mecanismos mentais que permitem ao homem empreender, externamente, a luta com os desafios específicos da natureza externa e da realidade social"[¹]. Os conceitos são utilizados como ferramentas mentais que tornam possível o conhecimento por parte do intelecto, bem como a operacionalização da ciência em tela . O Direito é um campo do saber repleto de conceitos: constituição, legítima defesa, crime, bom pai de família, etc.

Todo conceito tem atrás de si, animando-o, uma ou várias idéias. O perigo é não diferenciarmos as idéias e os conceitos, visto que os dois são semelhantes, mas totalmente diversos "quem inventou o amor teve certamente inclinações musicais, tantas canções parecidas mas tão desiguais, são como as coisas da vida, coisas tão parecidas, mas tão desiguais..." [²].

Idéias e conceitos divergem na sua serventia e no modo através do qual eles se dão a conhecer. Conceito já vimos para que serve, idéias "movem o homem em direção ao confronto de suas duas naturezas devido ao seu poder de sustentar a ação do autoquestionamento total." Idéias são, portanto, ferramentas do autoquestionamento, veículos de crescimento pessoal e espiritual. Conceitos são apreendidos, podem ser guardados na nossa memória e os acessamos quando necessário. Já idéias são objeto de uma integral aprendizagem[³] requerem não um relacionamento professor/aluno, mas uma comunhão de saberes entre mestre/discípulo. Pitágoras na sua comunidade, Platão na Academia, Aristóteles no Liceu, Goffredo Telles Jr. no Largo de São Francisco, etc. A lista, felizmente, foi só exemplificativa...

Conceito de Mercantilismo


O Mercantilismo corresponde a uma doutrina económica se afirmou na Europa colonial dos séculos XVI e XVII e que se baseava na convicção de que a riqueza e o poder de um país dependiam da quantidade de metais preciosos que esse mesmo país conseguia acumular. Dado que a grande maioria dos pagamentos internacionais se faziam, nessa altura, com ouro e prata, toda a política económica centrava os seus esforços na manutenção de uma Balança Comercial favorável de forma a que a entrada de metais preciosos para pagamento das exportações fosse superior à sua saída para pagamento das importações. Para isso eram criadas medidas restritivas às importações através de pesadas taxas alfandegárias e em simultâneo eram fomentadas as exportações através do estimulo ao desenvolvimento da produção manufactureira nacional. A par deste aumento do intervencionismo do Estado na regulação da produção e do comércio e no desenvolvimento de mecanismos proteccionistas da economia nacional, são também criados regimes de exclusividade nas relações comerciais com as colónias.

O mercantilismo teve a sua máxima expressão em França, facto que em grande medida se deveu a Jean-Baptiste Colbert, ministro do rei Luís XIV, razão pela qual o mercantilismo também seja conhecido como Colbertismo. As medidas implementadas por Colbert assentavam essencialmente na criação e desenvolvimento de manufacturas, quer do Estado, quer de particulares, e na criação de medidas proteccionistas dos interesses económicos nacionais através da implementação de elevadas taxas alfandegárias e da atribuição de diversos privilégios às manufacturas.

Em Inglaterra e na Holanda o mercantilismo não assumiu uma profundidade tão elevada, com o intervencionismo estatal a ser muito menos acentuado e a manifestar-se essencialmente no incremento das actividades mercantis através do desenvolvimento das suas frotas mercantes e através de medidas limitadoras do acesso de embarcações estrangeiras aos seus portos.

Quanto a Portugal e Espanha, emergiu um outro tipo de mercantilismo: o mercantilismo metálico ou bulionismo. O mercantilismo metálico assentava numa política de procura directa dos metais preciosos na sua origem (América e África) e a sua acumulação nos seus cofres.


Autor: Paulo Nunes
Economista, Professor e Consultor de Empresas
Data de criação: 01/12/2007

Mercantilismo na França

Jean-Baptiste Colbert: ministro da França e defensor do mercantilismo

Na França, o mercantilismo (sistema econômico típico do absolutismo) surgiu durante o século XVI, dentro do processo de fortalecimento da monarquia e centralização do poder.

Já no século XVII, o mercantilismo estava fortemente implantado no sistema econômico francês. O principal aplicador do sistema mercantilista na França foi o ministro das finanças francês Jean-Baptiste Colbert. Ocupando este importante cargo, durante 22 anos no governo do rei absolutista Luis XIV, Colbert estimulou a industria francesa, incentivou as exportações e reduziu as taxas alfandegárias internas.

Estas práticas mercantilistas ficaram conhecidas na França como colbertismo e fizeram com que a economia do país se fortalecesse, equiparando-se a das potências européias da época

Agrotóxicos. Um problema brasileiro - Jean Remy Davée Guimarães

Um mal necessário. Assim, Jean Remy Davée Guimarães define os agrotóxicos, frutos da indústria química e utilizados em larga escala no último século. Em entrevista, concedida, por telefone, à IHU On-Line, o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e pesquisador do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho afirma que, além de ser uma questão científica e técnica, o uso de pesticidas trata-se, também, de uma discussão cultural e política. “

Jean Remy Davée Guimarães é doutor em Biofísica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde atualmente é professor. Também é professor da Universidade Federal de Rondônia.


IHU On-Line – Historicamente, quando os pesticidas começaram a ser usados?

Jean Remy Davée Guimarães – A partir do século XX, os pesticidas começaram a ser usados em larga escala em função do desenvolvimento da indústria química.

IHU On-Line – A evolução da agricultura fortaleceu aquilo que os pesticidas combatem, ou seja, ervas daninhas e insetos. Para ser sustentável, que caminhos a agricultura deveria seguir?

Jean Remy Davée Guimarães – Deveríamos voltar a uma agricultura mais natural. Já conhecemos as relações entre as plantas, as pragas e o solo que nos permite fazer isso. Existe uma técnica bem desenvolvida, mas pouco difundida, chamada Manejo Integrado de Pragas. É mais trabalhoso, implica mais conhecimento e treinamento, mas permite a produção de alimentos sem prejudicar agricultores e consumidores. Além disso, tenta interromper esse ciclo perverso que é o desenvolvimento sem pensar novos produtos para combater as mesmas pragas que não respondem aos antigos produtos.

Tive a oportunidade de avaliar alguns projetos de agricultura no Equador, e achei muito interessante as técnicas que lá são utilizadas. As pragas têm um ciclo bem determinado, têm uma época de reprodução, por isso não precisamos envenenar a agricultura o ano inteiro para deter uma praga que, na verdade, desenvolve-se em um ou dois meses. Essas técnicas ainda não permitem a eliminação total dos agrotóxicos nos cultivos, mas permitem, no mínimo, uma forte redução do uso.

“A indústria adora isso, quanto menos opções nós tivermos, mais dependente ficaremos dela”

Existe uma série de produtos naturais que tem eficiência comprovada. Mas esta é uma cultura que tem se perdido com o tempo, e a indústria adora isso, quanto menos opções nós tivermos, mais dependente ficaremos dela. Se vamos ao supermercado, vemos a mesma coisa. Paramos de cozinhar e ficamos dependentes da comida pronta da indústria. Dentro de caixas de bolo pronto, por exemplo, tem farinha, fermento e açúcar. Em casa, acrescentamos leite e ovos. Se é para fazer isso, poderíamos comprar os ingredientes da caixa. Esta é uma questão não só científica, técnica, mas cultural e política também.

IHU On-Line – Há alguma relação entre o uso de agrotóxicos e casos epidêmicos recentes, como a dengue e a febre amarela?

Jean Remy Davée Guimarães – A maioria pensa que a dengue e febre amarela são questões epidemiológicas e de saúde, e que a questão das pragas pertence ao pessoal da agricultura. É óbvio que tudo está sempre conectado, mas vivemos em gavetas. Nas universidades, são departamentos, na política, são secretarias e ministérios, e, muitas vezes, em vez de colaborarem, competem.

Enquanto isso, os problemas continuam aí. Porém, algo que é usado, que é tão poderoso quanto os pesticidas faz uma pressão seletiva sobre populações naturais, como, por exemplo, quando se borrifa a cultura por causa do pulgão, se está atingindo todos que estão vivos ao redor, as plantas, os insetos, as aves etc. Acaba se atirando em uma coisa e atingindo muitas outras. Não acharia nada surpreendente que acabasse se encontrando algum tipo de relação entre os agrotóxicos e os casos epidêmicos. Deve haver um equilíbrio ecológico sempre. Se há maior proliferação de mosquitos, é porque eles não têm mais seus ambientes naturais, os animais que os comeriam estão escassos. No caso da dengue, esta é uma doença essencialmente urbana.

Nós mesmos criamos milhares de proliferadores através do lixo sólido mal gerido, por exemplo. Até a questão do mosquito da malária, se entrarmos em uma área de mata, vemos mosquitos, mas em uma densidade baixa. Se, na beira desta mata, temos uma área agrícola recém aberta, é ali que teremos a maior infestação de mosquitos, em função da perturbação ao ambiente que foi criado. Em área rural, por exemplo, o pessoal da agronomia já percebeu isso.

IHU On-Line – A agricultura familiar é um modelo viável?

Jean Remy Davée Guimarães – Sim. Primeiro porque é boa para consumo de alimentos para o mercado local. Também é um setor onde há maior empregabilidade e onde as pessoas estão mais preocupadas com a qualidade e a saúde do solo porque eles só terão aquela terra, e esta deverá produzir bens para a venda. Eles não podem ter uma visão empresarial. Para a agricultura industrial, o que interessa é o lucro em curto prazo. Se, por acaso, a indústria detona 100 quilômetros quadrados de solo, não haverá problema, pois, no ano que vem, eles repetirão a mesma coisa em outra área, plantando o que tiver dando mais lucro naquele momento. Não há compromisso algum, nem com o solo nem com a sustentabilidade.

“O objetivo é, como toda economia hoje em dia, o lucro em curto prazo”

O objetivo é, como em toda economia hoje em dia, o lucro de curto prazo. Na agricultura industrial, ninguém conhece ninguém. Os investidores são os “caras” de Paris, São Paulo ou Dubai, que nunca foram à terra onde estão investindo. A primeira coisa que eles fazem é contratar uma empresa para desmatar esta área, mesmo não conhecendo o pessoal dessa empresa. Depois, contratam outra para fazer a pulverização, uma terceira para fazer o plantio, uma quarta para fazer a colheita e assim por diante. Cria-se uma espécie de anonimato, e o resultado é erosão, degradação do solo e da saúde. E vai se processar quem, por isso? Seis empresas diferentes?

Com a agricultura familiar, a história é outra. O sujeito está morando na terra, com sua família, e estará mais motivado para praticar uma agricultura menos agressiva do que o latifúndio do lado que não tem essa opção. Ele é obrigado a se utilizar das ações mais sustentáveis possíveis, se não, daqui a cinco anos, ele vira favelado.

IHU On-Line – O que a agricultura familiar tem a nos ensinar?

Jean Remy Davée Guimarães – O que ela tem a nos ensinar e nos fornecer são técnicas tradicionais antigas que, aos poucos, vão se perdendo em função da agricultura industrial. Há uma valorização da diversidade, pois não se veem áreas de agriculturas familiares em que as pessoas se dedicam à monocultura. Em uma terra que está sendo explorada em regime de agricultura familiar, as pessoas praticam a diversidade através de fruteiras, hortas etc.

Isso é muito bom para a sustentabilidade, para o solo, para manter uma dieta mais variada e para a preservação de variedades de plantas que a indústria agrícola não está interessada em preservar. Um exemplo são bananas, existem oito tipos diferentes da fruta, mas, se fizermos plantio em grande escala, existe uma variedade que se sustenta mais do que as outras. Se esta variedade começar a predominar a nível mundial, as outras irão se extinguir. É neste caminho que estamos andando.

Historicamente, existe uma quantidade enorme de variedades de arroz e várias delas estão desaparecendo por conta do predomínio das variedades que a indústria resolveu produzir em função da agenda econômica e política. Se toda a superfície agrícola começa a ser coberta por essas poucas variedades, daqui a pouco, as outras espécies somente serão encontradas em museu. Esta é uma erosão de conhecimento muito trágica, pois essas variedades que tínhamos, há até pouco tempo, são resultados do esforço e da imaginação da humanidade.

É uma espécie de capital que é muito importante, porque se o ambiente muda todas as variedades que costumávamos usar, de repente, não existem, e poderemos ser salvos por aquela variedade que desprezávamos. O mundo natural funciona tão bem até hoje por causa deste tipo de mecanismo, quanto mais diversidade biológica se tiver, mais equilíbrio, eficiência, produtividade e resistência se terá.

“Existe uma quantidade absurda de variedades de arroz e várias delas estão desaparecendo por conta do predomínio das variedades que a indústria resolveu produzir”

É muito perigoso o caminho que estamos seguindo. Se reduzirmos mais o foco de espécies e ficarmos extremamente dependentes dessas variedades dos pesticidas que somos obrigados a usar, a tendência é ir tornando o horizonte cada vez mais estreito. Vamos jogar fora o trabalho de nossos antepassados. Claro que existem instituições de agronomia que se preocupam em fazer bancos de sementes de diversas variedades, objetivando criar uma reserva estratégica. Porém, tradicionalmente, essa reserva estava espalhada nas nossas hortas e campos.

IHU On-Line – Que tipo de intoxicações os agrotóxicos usados hoje provocam?

Jean Remy Davée Guimarães – Há intoxicação aguda e crônica. O problema hoje do uso dessas substâncias é que é quase impossível usar o produto sem se intoxicar de alguma forma, seja na aplicação, no manuseio, na preparação, seja jogando a embalagem vazia em um lugar qualquer. Sempre imaginamos que isso intoxica o aplicador, pois essa é a parte mais visível do ciclo. Subestimamos barbaramente a quantidade de intoxicações domésticas de crianças e mulheres, que são as vítimas menos visíveis neste ciclo.

“Subestimamos barbaramente a quantidade de intoxicações domésticas de crianças e mulheres, que são as vítimas menos visíveis neste ciclo”

Na ponta do iceberg estão as intoxicações que não puderam ser evitadas e são de conhecimento geral porque as vítimas foram parar no hospital que, por falta de transversalidade, muitas vezes, não faz um diagnóstico correto. Se aparece alguém com um quadro de alteração neurológica, isso pode ser problema exclusivamente neurológico ou toxicológico com sintomas neurológicos. Como há pouco diálogo entre essas áreas, existem muitos médicos que não fazem um diagnóstico certo e, assim, é dado o mesmo tratamento de sempre. Tudo é muito segmentado, e isso dificulta saber a real dimensão do problema.

Existe um sistema nacional de registro de intoxicações que registra desde a pessoa que tentou se matar em casa com um formicida até a intoxicação agrícola. Mas, se formos a uma área agrícola, vemos uma espécie de complô que conspira contra a notificação. O pessoal geralmente tenta tratar em casa, e vai fazer o possível para que o caso não chegue ao posto de saúde. Alguns efeitos que essa classe de produto provoca não são só de ordem neurológica, mas também psiquiátrica. O nível de depressão e suicídios entre agricultores é muito alto. Na cultura em que vivemos, não gostamos de falar sobre isso, mas muitas pessoas já estudaram o tema mais de perto.

“O Ministério da Agricultura está infiltrado até a medula pelas indústrias”

Quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária resolve testar os principais produtos em uso no Brasil, e que já são proibidos na Europa e Estados Unidos, e o Ministério da Agricultura resolve processar a ANVISA para impedi-la de fazer estes testes e divulgar os resultados, vemos que temos um caminho muito longo pela frente. Um braço do governo está tentando estrangular o outro. Isso indica que o Ministério da Agricultura está infiltrado até a medula pelas indústrias. Em minha opinião, isso é completamente inaceitável.

IHU On-Line – Hoje, é possível dar fim ao uso de agrotóxicos?

Jean Remy Davée Guimarães – Parar radicalmente de utilizá-los, acredito que seria difícil. Temos que começar querendo, e querendo se consegue. Criou-se uma cultura de que não há agricultura sem agrotóxico, e, assim, as pessoas não tentam mais fazer diferente. Há toda uma rede de atores sociais que estão envolvidos nisso, não adianta só o agricultor decidir não fazer mais esse tipo de agricultura química e passar para a biológica.

Enquanto sociedade, devemos decidir o que é melhor e ordenar que agrônomos parem de condicionar o crédito agrícola para compra de doze venenos diferentes e que gerentes de banco parem de condicionar o crédito para compra de produtos químicos. Isso é possível. Imagine, criaram-se impérios como o Maia, o Asteca, o Egípcio, o Chinês, e não existiam pesticidas naquela época. Se eles conseguiram, porque nós não?

IHU On-Line – O que significa o Brasil ser o maior consumidor de agrotóxicos hoje?

Jean Remy Davée Guimarães – Isso é uma péssima notícia e significa que usamos muito mais do que devíamos. Estamos usando mal e não temos controle nenhum. O Estado não sabe nem tapar buraco em estradas, não consegue impedir contrabando de drogas e armas. No caso dos pesticidas, acontece a mesma coisa. Se vamos ao mundo real, que não é o gabinete em Brasília, as pessoas estão comprando, nas lojas, pesticidas embalados em garrafas que nem rótulo têm. As pessoas nem sabem o que aplicam, acham que é uma coisa e é outra.

Descobrimos isso quando estamos em um barco que transporta alimentos, que chega em um porto da Europa e volta do mesmo jeito. Lá, eles analisam, conforme as regras européias, que são muito mais restritivas, e percebem que, no tomate, tem um agrotóxico que deveria ter sido usado, se usado, no abacaxi. Às vezes, aqui é usado um agrotóxico que lá já está proibido há vinte anos. O que acontece é que viramos o grande depósito de lixo, a nível global, de todas as porcarias que já não são produzidas em lugar algum, mas que aqui, por serem permitidos, esses produtos ganham uma sobrevida.

Consumimos, aqui, produtos que são produzidos na Índia, que era produzido na Europa, mas teve a produção exportada para um país mais tolerante. Pagamos com a nossa saúde para darmos uma sobrevida a um setor industrial que já foi declarado morto em todo o resto do mundo civilizado. Isso não é nenhum motivo de orgulho.

(Ecodebate, 16/06/2010) publicado pelo IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.

[IHU On-line é publicado pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

O Mercantilismo

Conseqüência da ampliação de horizontes econômicos propiciada pelos descobrimentos marítimos do século XVI, o mercantilismo, apesar de apresentar variantes de país para país, esteve sempre associado ao projeto de um estado monárquico poderoso, capaz de se impor entre as nações européias.

Mercantilismo é a teoria e prática econômica que defendiam, do século XVI a meados do XVII, o fortalecimento do estado por meio da posse de metais preciosos, do controle governamental da economia e da expansão comercial. Os principais promotores do mercantilismo, como Thomas Mun na Grã-Bretanha, Jean-Baptiste Colbert na França e Antonio Serra na Itália, nunca empregaram esse termo. Sua divulgação coube ao maior crítico do sistema, o escocês Adam Smith, em The Wealth of Nations (1776; A riqueza das nações).

Para a consecução dos objetivos mercantilistas, todos os outros interesses deviam ser relegados a segundo plano: a economia local tinha que se transformar em nacional e o lucro individual desaparecer quando assim conviesse ao fortalecimento do poder nacional. A teoria foi exposta de maneira dispersa em numerosos folhetos, meio de comunicação então preferido pelos preconizadores de uma doutrina.

Programa da política mercantilista. Alcançar a abundância de moeda era, efetivamente, um dos objetivos básicos dos mercantilistas, já que, segundo estes, a força do estado dependia de suas reservas monetárias. Se uma nação não dispunha de minas, tinha de buscar o ouro necessário em suas colônias ou, caso não as tivesse, adquiri-lo por meio do comércio, o que exigia um saldo favorável da balança comercial -- ou seja, que o valor das exportações fosse superior ao das importações.

Para obter uma produção suficiente, deviam ser utilizados hábil e eficazmente todos os recursos produtivos do país, em especial o fator trabalho. Toda nação forte precisava possuir uma grande população que fornecesse trabalhadores e soldados, e ao mesmo tempo o mercado correspondente. As possessões coloniais deveriam fornecer metais preciosos e matérias-primas para alimentar a manufatura nacional, ao mesmo tempo em que constituíssem mercados consumidores dos produtos manufaturados da metrópole. Proibiam-se as atividades manufatureiras nas colônias, e o comércio, em regime de monopólio, era reservado à metrópole.

Em território nacional, o mercantilismo preconizou o desaparecimento das alfândegas interiores, a supressão ou redução dos entraves à produção forçados pelas corporações de ofício, o emprego de sistemas de contabilidade e acompanhamento das contas de receitas e despesas do estado, a troca de funcionários corruptos ou negligentes por outros honestos e competentes, a criação de uma fiscalização centralizada e a adoção de leis que desestimulassem a importação de bens improdutivos e de grande valor.

Avaliação do mercantilismo. A crítica mais abrangente do mercantilismo foi movida por Adam Smith, que denunciou a falsa identificação, feita por muitos teóricos dessa corrente econômica, entre dinheiro e riqueza. Com efeito, o forte protecionismo alfandegário e comercial, e a subordinação da economia das colônias à da metrópole, não tinham como fim último o desenvolvimento da manufatura nacional mas, como foi assinalado, a maior acumulação possível de metais nobres.

A economia clássica posterior, cujo principal representante foi Smith, preconizou, ao contrário, a livre atividade comercial e manufatureira em qualquer território -- colônia ou metrópole --, já que, segundo seus princípios, a riqueza não se identificava com o simples acúmulo de reservas monetárias, mas com a própria produção de bens. No século XX, porém, o economista britânico John Maynard Keynes retomou formulações do mercantilismo e afirmou a existência de similitudes entre sua própria teoria do processo econômico e a teoria mercantilista.

Independentemente das diversas análises econômicas a que foi submetido, o mercantilismo foi o instrumento que assegurou as condições econômicas e financeiras necessárias a garantir a expansão dos estados absolutistas europeus. Entre os representantes do mercantilismo distinguiu-se o francês Jean-Baptiste Colbert, ministro da Fazenda de Luís XIV, de tal importância que seu nome serviu para se cunhar o termo por que é conhecida a variante francesa do mercantilismo, o colbertismo.

Na Grã-Bretanha, além de Thomas Mun, sustentaram a mesma orientação James Steuart e Josiah Child, assim como na França Jean Bodin e Antoine de Montchrestien. Em Portugal, as primeiras reformas do marquês de Pombal revelam sua filiação à teoria mercantilista.

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William Rory Gallagher  foi um multi-instrumentista, compositor e produtor de rock e blues irlandês.  Nascido em Ballyshannon, Condado de Do...