Na maioria das cidades brasileiras, a tarefa de coletar o lixo em residências, indústrias e casas comerciais é realizada normalmente por profissionais de limpeza contratados especialmente para esse fim.
São eles que também varrem, lavam, capinam a grama, e em alguns casos até desinfetam as vias públicas, mantendo as cidades limpas e em boas condições de asseio.
Mas nem sempre foi assim, porque até meados do século 19 nenhuma providência nesse sentido havia sido tomada no Rio de Janeiro, que era, na época, a capital do Império.
Daí, portanto, ser bem fácil imaginar o que acontecia nas demais localidades do país.
A história revela que em 1835 a Câmara de Deputados autorizou o governo imperial a contratar com João Frederico Russel, ou qualquer interessado, o serviço de captação dos esgotos oriundo das casas, assim como também a coleta das águas pluviais, mas essa permissão deu em nada. Diante disso, o francês Jean Fillippe Auguste, residente na corte, propôs à câmara, em 1838, organizar uma empresa destinada a “fazer os despejos das casas de modo decente e asseado” , mas ele foi outro que ficou só na intenção.
Daí em diante, e até quase a virada do século, diversos projetos particulares, ou até mesmo oriundos da Câmara dos Deputados, prevendo a exploração dos serviços de esgotos e limpeza pública, foram encaminhados à análise competente, mas não saíram do papel.
Até que em 11 de outubro de 1876, o jornal A Gazeta de Notícias informou na edição daquele dia que Aleixo Gary, contratado para promover a limpeza pública na cidade, pretendia introduzir importantes mudanças na prestação dos serviços que haviam sido entregues à sua responsabilidade.
E foi o que o empresário realmente fez, não só utilizando carros mecânicos que ele mesmo aperfeiçoara, mas também montando uma estrutura de trabalho tão eficiente que em pouco tempo a cidade do Rio de Janeiro pode comprovar a maneira plenamente satisfatória com que a lavagem das ruas e a coleta do lixo doméstico ou urbano, estavam sendo feitas.
Apesar disso, o governo imperial cancelou em 1886 o contrato provisório que mantinha com Aleixo Gary, mas este continuou exercendo a atividade até o ano de 1891, e com tal seriedade que sua marca ficou registrada de forma definitiva na história da limpeza da cidade: os seus empregados que providenciavam, de rua em rua, a coleta e remoção do lixo para um local conhecido como Sapucaia, se tornaram conhecidos de todos pelo nome de “gari”, simplesmente, a mesma denominação que permanece sendo usada até os dias de hoje.
Ao afastar-se da empresa que criara, Aleixo Gary deixou como sucessor um parente chamado Luciano Gary.
FERNANDO KITZINGER DANNEMANN
Enviado por FERNANDO KITZINGER DANNEMANN em 29/01/2006
Alterado em 24/11/2011