GENEBRA - O caminho foi encontrado para a maior descoberta científica dos últimos cem anos. Cientistas do projeto Atlas no Cern conseguiram encontrar os primeiros sinais da partícula que garante massa a todas as demais e, portanto, central na explicação do Universo.
Os primeiros testes apontam que há 93% de chances de terem encontrado.
Mas, cautelosos, os cientistas ainda insistem que terão de continuar o processo em 2012 para confirmar a descoberta.
ReproduçãoApresentação dos resultados do experimento AtlasConhecida como "partícula de Deus ", trata-se da última fronteira não resolvida pela física.
Nos anos 60, Peter Higgs desenvolveu uma teoria para tentar explicar o vácuo na ciência que tentava entender os átomos.
Sua partícula hipotética - o bóson de Higgs - jamais foi encontrada.
Se for confirmada sua existência, abrirá o caminho para detalhar o funcionamento de átomos e, no limite, até mesmo de como o Universo funciona.
O segundo experimento apresentado pelo Cern, o CMS, também confirmou sinais da partícula.
Os dados mostrados por Guido Tonelli aumentam a certeza de cientistas de que de fato o caminho está correto.
Novos dados coletados durante o ano de 2011 reduziram as regiões de busca pelo Bóson de Higgs. Segundo a pesquisadora Fabiola Gianotti, responsável pelo experimento Atlas, a "região mais quente" está nas áreas de energia mais baixa.
Anteriormente os pesquisadores, embora já soubessem que a área de maior massa já poderia ser descartada, acreditavam que o Bóson de Higgs poderia ser encontrado "em qualquer lugar entre 114 a 141 GeV (giga elétron-volts, termo usado na física para quantificar os campos de energia das partículas)", como afirmou James Gillies, pesquisador do Cern.
Com os resultados apresentados nesta terça, os pesquisadores conseguiram reduzir a região onde o bóson poderá ser encontrado entre 115,5 e 131 GeV - e centrado em 126 GeV.
"É muito cedo para tirar conclusões.
São necessários mais dados e estudos, mas acho que os meses que virão serão apaixonantes", disse a porta-voz do Atlas, Fabiola Gianotti, em um seminário científico na sede do CERN, em Genebra. Fabiola acrescentou que o experimento para encontrar a partícula que ajudaria a explicar a origem da massa "está em uma etapa muito avançada", mas insistiu que é preciso continuar trabalhando.
O experimento.
O LHC produziu essa energia jamais atingida este ano, conseguindo acelerar feixes de prótons em sentidos opostos a mais de 99,9% da velocidade da luz antes que se choquem.
No acelerador - um anel de 27 quilômetros de circunferência e dotado de quatro gigantescos detectores enterrados entre 50 e 150 metros debaixo da terra - são geradas 20 milhões de colisões por segundo, mas de todas elas uma ínfima parte oferece dados que passam pelo primeiro filtro de análise.
São os dados que passam por essa primeira etapa que são registrados na memória de milhares de computadores, tanto do Cern como da rede de laboratórios e centros de pesquisa associados no mundo todo, para serem posteriormente analisados.
A quantidade de dados gerada por cada detector anualmente é gigantesca e inimaginável, mas para entender de algum modo sua magnitude baste dizer que, se fossem gravados em CDs e estes fossem empilhados um sobre outro, formariam uma coluna de 20 quilômetros de altura.