FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 18, n. 9/10, p. 725-744, set./out. 2008. 725
Resumo: Max Weber e Émile Durkheim são dois dos mais importantes
autores clássicos das ciências sociais. A influência de suas
teorias e abordagens metodológicas ainda é percebida em muitos
autores atualmente. Nossa proposta é apresentar preliminarmente as
contribuições dos autores para as pesquisas qualitativas e quantitativas,
para tal discorremos sobre a pesquisa qualitativa de Weber na
obra ‘Ética protestante e espírito do capitalismo’ e a pesquisa quantitativa
de Durkheim em ‘O suicídio: estudo sociológico’.
Palavras-chave: Max Weber, Émile Durkheim, ética protestante,
suicídio, pesquisa qualitativa e pesquisa quantitativa
Alessandro André Leme
CONCLUSÃO
Refletir sobre Durkheim e Weber enquanto fundadores da sociologia
clássica implica em diferenciá-los pelo método, porém não
hierarquizá-los do melhor para o pior. As diferenças metodológicas
verificadas no decorrer deste trabalho e a própria diferença no tipo de
pesquisa pelo qual cada autor optou em realizar (o primeiro a pesquisa
quantitativa e o segundo a pesquisa qualitativa) devem ser encaradas
como modelos consistentes de como se realiza uma pesquisa com coerência
na aplicação do método e clareza nas explicações/compreensões
daí resultadas.
A pesquisa quantitativa de Durkheim sobre o suicídio segue a rigor
sua proposição metodológica de considerar as taxas de suicídios como um
fenômeno social, logo possuidor das características de um fato social (coercitivo
e exterior). O que acaba por explicar o fenômeno supra enquanto
um fenômeno social presente nas consciências coletivas, ou seja, algo a ser
estudado/pesquisado e explicado pela sociologia, ciência que o autor está
fundando.
O mesmo rigor que Durkheim apresenta no desenvolvimento de
sua pesquisa Weber apresenta na elaboração de sua pesquisa qualitativa
que visa à compreensão de quais motivações estariam orientando as ações
dos indivíduos para o desenvolvimento singular do espírito do capitalismo
no ocidente e não em outras civilizações. Para tal, Weber cria algumas
classificações e tipologias para melhor compreender esta relação múlticausal
de motivações orientando determinadas ações, que por sua vez,
acabam por definir um novo tipo de estilos de vida e, por conseguinte,
um novo padrão de relações sociais mais racionalizadas, ocasionando um
desencantamento do mundo.
FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 18, n. 9/10, p. 725-744, set./out. 2008. 743
Tanto o primeiro autor (Durkheim) quanto o segundo (Weber) têm
contribuições relevantes à sociologia e as ciências sociais como um todo.
Seja nas pesquisas de cunho quantitativo ou qualitativo, seja pela forma
de explicar para depois compreender ou de primeiro compreender para
depois poder explicar, enfim, ambos possuem corroborações essenciais à
pesquisa sociológica ainda na atualidade.
O que acaba por reforçar que os esforços em realizar pesquisa (quantitativa
ou qualitativa) nas ciências sociais tem sua validade e viabilidade
quando sustentadas por abordagens teórico-metodológicas capazes de dar
alguma resposta a determinados fatos/fenômenos sociais. Ou seja,
metodologias capazes de a partir das particularidades das formas de tratamento
da relação sujeito/objeto das ciências sociais (sociologia, antropologia
e ciência política) sem perder de vista o princípio da refutação e,
ao mesmo tempo, validar hipóteses e conseqüentemente, conseguir explicar/
compreender determinados fenômenos/fatos sociais presentes em
determinados momentos históricos.
Notas
1 O fato social é distintivo de outros fenômenos presentes na natureza e nas predisposições psíquicas
dos indivíduos por se apresentarem como coisa exterior às consciências individuais e susceptíveis de
exercerem ação coercitiva sobre as mesmas.
2 O clima aqui é entendido em suas variações, calor e frio, por exemplo.
3 Correlação entre as taxas de suicídio e as variações na temperatura (calor e frio e suas respectivas intensidade
segundo um padrão quantitativo – categorização da temperatura em intervalos).
4 Os atos positivos estão associados às mortes provocadas de forma direta pelos indivíduos, como por
exemplo, o ato de um indivíduo disparar contra si mesmo um tiro de revolver ou apunhalar uma faca
em pontos vitais do seu corpo.
5 Os atos negativos por sua vez estão associados às mortes provocadas de forma indireta, tal como o
ato de um indivíduo que resolve deixar de comer ou, que numa eventualidade não queira sair da frente
de um automóvel que venha em sua direção, por exemplo.
6 Durkheim ainda vai caracterizar as causas sociais e os respectivos tipos sociais que o suicídio apresenta,
ou seja, o autor acaba por dividir o suicídio em três grandes agrupamentos, a saber: o suicídio
egoísta; o suicídio altruísta e o suicídio anômico.
7 Este parentesco estreito entre a vida e a estrutura, entre o órgão e a função, pode ser facilmente estabelecido
em sociologia porque entre estes dois termos extremos existe toda uma série de
intermediários imediatamente observáveis que mostra a ligação entre eles. A biologia não tem o mesmo
recurso. Mas é permitido acreditar que as induções da primeira destas ciências sobre este assunto são
aplicáveis à outra e que nos organismos, tal como nas sociedades, só existem diferenças de grau entre
estas duas de facto (DURKHEIM, 1995, p. 39).
8 Para o luteranismo, a profissão era como um ‘Dom’ especial de Deus. Neste aspecto, o calvinismo
se difere tanto do catolicismo quanto do luteranismo.
9 Weber não tenta com isto realizar uma inversão da esfera econômica para a religiosa como causa única.
O autor compreende que há várias causas intrinsecamente ligadas a evolução do capitalismo, porém, sua
pesquisa se preocupa em compreender a correlação da ética protestante para o espírito do capitalismo.
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Referências
ARON, R. As etapas do pensamento sociológico. São Paulo: M. Fontes, 1993.
DURKHEIM, E. As formas elementares da vida religiosa. São Paulo: Abril Cultural, 1983a.
DURKHEIM, E. Da divisão do trabalho social. São Paulo: Abril Cultural, 1983b.
DURKHEIM, E. Sociologia e filosofia. São Paulo: Ícone, 1994.
DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. Lisboa: Presença, 1995.
DURKHEIM, E. O suicídio: estudo sociológico. Lisboa: Presença, 1996.
FREUND, J. Sociologia de Max Weber. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1987.
GIDDENS, A. Capitalismo e moderna teoria social. Lisboa: Presença, 1994.
GIDDENS, A. Política, sociologia e teoria social: encontros com o pensamento social clássico e contemporâneo.
São Paulo: Edunesp, 1998.
WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Pioneira, 2000.
WEBER, M. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Brasília: Ed. da UnB,
1994.
Abstract: Max Weber and Émile Durkheim are two of the most important
classic authors of the social sciences. The influence of their respective theories
and methodological approaches are still noticed in many authors now. Here
we will present preliminarily the authors’ contributions for the qualitative
and quantitative researches, for such we talked about the qualitative research
of Weber in the work the ‘Protestant ethics and the spirit of the capitalism’
and the quantitative research of Durkheim on ‘Suicide: I study sociological’.
Key words: Max Weber, Émile Durkheim, protestant ethics, suicide,
researches qualitative and quantitative research
ALESSANDRO ANDRÉ LEME
Doutor em Ciência Política pela Unicamp. Pós-doutorando no IFCH/Unicamp. Pesquisador e professor
Resumo: Max Weber e Émile Durkheim são dois dos mais importantes
autores clássicos das ciências sociais. A influência de suas
teorias e abordagens metodológicas ainda é percebida em muitos
autores atualmente. Nossa proposta é apresentar preliminarmente as
contribuições dos autores para as pesquisas qualitativas e quantitativas,
para tal discorremos sobre a pesquisa qualitativa de Weber na
obra ‘Ética protestante e espírito do capitalismo’ e a pesquisa quantitativa
de Durkheim em ‘O suicídio: estudo sociológico’.
Palavras-chave: Max Weber, Émile Durkheim, ética protestante,
suicídio, pesquisa qualitativa e pesquisa quantitativa
Alessandro André Leme
Max Weber, Karl Marx e Émile Durkheim |
A SOCIOLOGIA DE MAX
WEBER E ÉMILE DURKHEIM:
QUESTÕES PRELIMINARES
O trabalho que aqui se apresenta tem como intuito a promoção de um
debate e ao mesmo tempo a apresentação de dois pensadores/cientistas
de suma importância para a criação, a consolidação e o desenvolvimento
das ciências sociais. Trata-se do sociólogo e filósofo francês Émile Durkheim
(1858-1917) e do sociólogo, filósofo e economista alemão Max Weber (1864-
1920).
O primeiro, marcadamente, um expoente teórico-metodológico nas
ciências sociais e de forte influência na pesquisa quantitativa. O segundo,
também um expoente teórico-metodológico nas ciências sociais, porém com
forte influência na pesquisa qualitativa.
Centrado nesses dois autores, este trabalho será composto por quatro
partes, a saber: a primeira apresentando uma visão geral dos autores;
a segunda focando estritamente O suicídio e os fatores cósmicos do livro
O suicídio (estudo sociológico), de Durkheim, a fim de identificar no texto
ACERCA DOS MÉTODOS
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qual a lógica da verificação das hipóteses e quais os problemas apresentados
pelo autor.
Na terceira parte será realizado um contraponto entre as Regras do
método sociológico e O suicídio, ambos de Durkheim. Nesta parte, far-seá
necessário um maior detalhamento de como Durkheim elabora sua teoria
e metodologia e como ele as aplica em um estudo de caso, verificando não
só a eficiência do método, mas também o aperfeiçoando, dado que O suicídio
é uma obra a posteriori.
Na última parte, por sua vez, será realizada uma comparação entre a
pesquisa quantitativa de Durkheim (O suicídio) e a pesquisa qualitativa de
Weber (A ética protestante e o espírito do capitalismo). Tal comparação visa
evidenciar os esforços de ambos os autores em elaborarem grandes
metodologias para o entendimento da sociedade e das relações dos indivíduos
que a compõem. Cabe salientar que não se trata de uma comparação
no sentido de hierarquização de quem é o melhor, mas sim de uma exploração
das riquezas que tanto Durkheim quanto Weber deixaram para as
ciências sociais.
As ciências sociais, desde o seu surgimento, em meados do século XIX,
é marcada por um embate de teorias centradas na ‘estrutura’ e por teorias centradas
na ‘ação’. Historicamente, verificamos, no que tange às ciências sociais,
que esse embate se apresenta marcante nos trabalhos científicos dos
clássicos (Marx, Weber e Durkheim). Embora não possamos definir tão
linearmente os autores em proposições centradas na estrutura e proposições
centradas na ação, é evidente a predominância de um autor em um ou em
outro enfoque. No caso dos autores clássicos, com a devida ressalva já exposta,
pode-se afirmar que Weber estaria apoiado numa teoria da ação, ao passo
que Marx e Durkheim estariam apoiados numa teoria da estrutura, embora
diferenciadas entre si.
Por outro lado, também é inerente às Ciências Sociais a elaboração
de métodos de pesquisas qualitativas e quantitativas e é justamente esta última
proposição que será explorada neste trabalho ao analisar, descrever e relacionar
Durkheim e Weber. O primeiro por sua pesquisa quantitativa e o segundo,
por sua pesquisa qualitativa.
QUESTÕES GERAIS ACERCA DOS AUTORES
Antes mesmo de entrarmos propriamente nas questões propostas, cabe
uma apresentação geral sobre os autores citados. Durkheim é um teórico
em que se pode evidenciar, sem muita dificuldade, sua predominância na
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noção de estrutura, porém, um tanto diferenciado da de Marx. Para
Durkheim, o indivíduo é um ser social, mas não organizado em classes sociais,
como Marx afirmara.
Pode-se identificar a noção de estrutura em Durkheim pela idéia de
consciência coletiva e representação coletiva, ambos conceitos-chave para o
entendimento da teoria que o autor elaborou como algo específico ao olhar
da sociologia nascente, apresentando as especificidades e as justificando como
forma de validar cientificamente este novo tipo de saber que está propondo
para a explicação e compreensão da sociedade (a sociologia), em contraposição
ao olhar da psicologia, da filosofia ou da economia, por exemplo.
Ao passo que a consciência coletiva vincula-se à moral, ou seja, à
educação e às inúmeras formas de socialização dos homens, as representações
coletivas se vinculam à religião, ou seja, ao sagrado e profano, enfim,
às representações e concepções de mundo.
Tanto a representação coletiva como a consciência coletiva, como
fatores estruturais da sociedade, não são compostos pela soma das partes.
A sociedade é sempre maior que a soma das partes, ou seja, não é a soma das
representações individuais que redundam na representação coletiva, mas sim
as representações individuais que são expressões objetivadas das representações
coletivas. Nesse sentido, a objetivação da sociedade em Durkheim passa
por afirmar que os fatos sociais são exteriores e coercitivos aos indivíduos,
ou seja, as ações individuais seriam o reflexo da internalização da consciência
coletiva de um determinado grupo social.
Giddens (1994 e 1998) salienta que não há uma única consciência
coletiva, diversas sociedades são portadoras de diferentes consciências coletivas,
que, por sua vez engendram algumas diferenças nas organizações
sociais, nas formas de socialização dos homens.
Durkheim também dá importância à divisão do trabalho, porém,
dentro de uma perspectiva diferenciada da de Marx, ou seja, Durkheim parte
da idéia de que a divisão do trabalho engendra a solidariedade. Os indivíduos
compreendem o significado da divisão do trabalho como uma especialização
que quando vista de forma integrada é fundamental para a solidariedade
orgânica (por consenso), para reprodução da ordem social. A única exceção
a essa solidariedade seria a divisão forçada do trabalho enquanto um fato
anômico, trazendo sérios prejuízos à coesão social.
É importante salientar que Durkheim (1983b) apresenta suas contribuições
à sociologia a partir de sua tese de doutoramento sobre a divisão
social do trabalho (De la division du travail social), publicada em 1893,
onde demonstra que o desenvolvimento dos indivíduos tem estrita ligação
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e dependência com o desenvolvimento da sociedade. Esta foi sua primeira
grande obra.
Em 1894, com As regras do método sociológico (Règles de la méthode
sociologique), Durkheim elabora um método em defesa dos princípios
iniciados na sua tese de doutoramento, quais sejam: o entendimento dos
fenômenos sociais como fatos sociais1.
Outra obra importante de Durkheim, O suicídio: um estudo sociológico
(Le Suicide, étude de sociologie) de 1897, põe à prova sua
metodologia ao realizar uma ampla pesquisa quantitativa sobre o suicídio,
provando que o suicídio, ou as causas que levam alguém a querer se matar
(seja de forma positiva ou negativa), é de natureza sociológica e não individual.
Por fim, e como livro considerado da maturidade da Durkheim, As
formas elementares da vida religiosa (Les Formes élémentaires de la vie
religieuse), de 1912, é talvez o seu mais importante livro. Nessa obra,
Durkheim elabora uma teoria geral da religião partindo de análises centradas
nas instituições religiosas mais simples e mais primitivas. Uma das idéias
centrais do autor é a de fundamentar uma teoria das religiões superiores no
estudo das formas religiosas primitivas, onde o totemismo acaba por revelar
a essência da religião. A partir do estudo do totemismo, Durkheim prova
que é possível apreender a essência de um dado fenômeno social observando
suas formas mais elementares.
Max Weber, por sua vez, apresenta uma produção intelectual/científica
voltada para análises e interpretações predominantemente centradas
na ação. Nas sociedades capitalistas as ações dos indivíduos são orientadas/
organizadas pelo cálculo racional e pela divisão do trabalho na administração
burocrática do Estado.
Weber pressupõe que as ações dos indivíduos são orientadas por uma
lógica racional (orientada visando um fim, ou por valores). Porém, a
racionalidade legal não é a única forma de organização social, tendo também
o carisma e a tradição que influenciam no tipo de poder, como tipos
puros de dominação ao lado do poder legal.
A racionalidade centrada no poder legal é a mais importante no capitalismo
dado a iminente tendência à burocratização da sociedade em suas
diversas esferas – sociais, políticas, econômicas, militares, religiosas, entre
outras. Perante essa tendência à burocratização, a existência de poderes
centrados no carisma ou na tradição pode ser prejudicial à continuidade de
novas lideranças aptas a atuarem na divisão burocrática da administração
estatal. Weber nos evidencia este fato ao descrever e analisar historicamente
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o legado de Bismark, ou seja, as conseqüências da saída/queda de um líder
carismático do poder e o ‘vácuo’ político deixado pelo mesmo.
Weber e Durkheim elaboraram seus trabalhos em circunstâncias
políticas, econômicas, morais e sociais diferentes que caracterizavam a Alemanha
e a França na segunda metade do século XIX e começo do século XX
na tentativa de superar tanto o conservadorismo romântico (da filosofia
alemã), quanto o utilitarismo da economia clássica.
DURKHEIM CONSTRUINDO O PROBLEMA: A LÓGICA
DE VERIFICAÇÃO DAS HIPÓTESES NO SUICÍDIO E OS FATORES
CÓSMICOS
Não há pois nada mais urgente que procurar libertar dele (preconceito)
definitivamente a nossa ciência; é esse o objectivo principal dos
nossos esforços. (Durkheim)
A verificação de como Durkheim constrói seu problema acerca das
questões relativas ao suicídio tem como ponto de partida um pressuposto
lógico de verificação das hipóteses. A partir de um exercício analítico-descritivo
do capítulo terceiro, O Suicídio e os Fatores Cósmicos, do livro
O suicídio: estudo sociológico, demonstra sua riqueza e rigor metodológico
no desenvolvimento de uma pesquisa quantitativa.
A pesquisa de Durkheim contou com um recorte geográfico que
envolveu vários países da Europa e suas respectivas taxas de suicídios, dentre
os países trabalhados estão a França, a Prússia, a Inglaterra, a Itália, a
Dinamarca, a Áustria, entre outros.
Para Durkheim, o desenvolvimento de uma pesquisa de característica
eminentemente sociológica se dá num primeiro momento pela relação
contrastiva do fenômeno social (fato social) com os fenômenos psíquicos
ou biológicos/químicos. É nesta diferenciação e ao mesmo tempo de definição
de qual o objeto de estudo da sociologia que o autor começa relacionando
no capítulo supra.
A importância de delinear claramente qual seria o objeto de estudo
da sociologia em contraste com o objeto da psicologia, da biologia e da
própria química é fundamental para Durkheim.
O fenômeno a ser observado e tratado como social para Durkheim
(em sua sociologia) é o Suicídio, porém, o caminho metodológico realizado
para defini-lo como um fato social partiu da refutação do suicídio como
um fenômeno psíquico e/ou orgânico.
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Porém, a refutação de causas psíquicas e orgânicas do suicídio exigiu
do autor uma pesquisa quantitativa, sendo necessário para o seu desenvolvimento
à centralização nas taxas dos suicídios e não no suicídio em si, ou
seja, foi preciso quantificá-lo, mensurá-lo para poder inferí-lo como um fato
social. Durkheim parte de um entendimento que é só explicando um determinado
fenômeno que se poderá compreendê-lo, daí a importância de se
realizar uma pesquisa quantitativa para o autor.
Primeiramente, foi refutada a predisposição individual como causadora
determinante do suicídio, ou seja, refutou-se qualquer hipótese ou tentativa de
evidenciar o suicídio como um fenômeno estritamente ligado às condições
psíquicas dos indivíduos. Com isto, não só se eliminou o determinante individual
do suicídio como também o tirou da esfera individual de causas.
Uma vez tendo eliminado os fatores individuais, o autor insere as
condições materiais ou cósmicas como possíveis causadoras do suicídio.
Assentando-se no argumento de que assim como muitas doenças são manifestadas
em certas condições materiais e não em outras, o suicídio também
poderia estar associado de alguma forma a essas diferenciações cósmicas
(materiais/biológicas).
Caso tal argumento centrado nos fatores cósmicos se verificasse, não
se poderia atribuir o suicídio como um fenômeno social, mas sim natural
por evidenciar que alguns indivíduos seriam naturalmente impulsionados,
seja pelo ambiente natural ou por certas características bioquímicas inerentes
a alguns indivíduos.
De todo o conjunto de fatores e causas ligadas ao meio material,
somente o clima e a temperatura sazonal aparentemente teriam alguma
influência sobre as taxas dos suicídios, porém, em sua pesquisa Durkheim
também acaba por refutá-las.
O clima2 como causa do suicídio é rapidamente refutado por Durkheim,
para o autor ele em nada influencia nas taxas de suicídio. Nesse sentido, há desde
o início uma contraposição entre o autor supra e a escola italiana que explicava
as taxas de suicídio pelas variações temporais. Na pesquisa de Durkheim, não
se verificou uma relação entre as taxas de suicídio e as variações temporais, ou
seja, explicar o suicídio pela incidência do calor não se verifica ao evidenciar que
há vários países quentes que possuem baixas taxas de suicídio.
Outra hipótese contestada foi a de que logo nas primeiras alternâncias
de temperatura (subida) é que haveria aumentos de suicídio. Ou seja, não
se verificou relação nenhuma entre as taxas de suicídio e as alternâncias de
temperatura (o fato de subir ou descer a temperatura não foi relevante para
a correlação das variáveis envolventes3).
FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 18, n. 9/10, p. 725-744, set./out. 2008. 731
Por outro lado, a relação existente entre a taxa dos suicídios e as variações
da duração dos dias, verificada com a predominância dos suicídios durante o
dia seria explicado pelo fato de que é durante o dia que as relações sociais são
mais intensas. Tal fato é explicado ao se verificar que as maiores taxas de suicídio
se dão nos dias e nas horas onde a atividade social é mais intensa. Nesse sentido,
o suicídio e suas possíveis causas só podem ser explicados pelas causas sociais,
o compreendendo a partir desta relação como um fato social.
Como pode ser observada, a pesquisa de Durkheim sobre o suicídio,
enquanto um aspecto patológico das sociedades modernas revela uma relação
marcante entre o indivíduo e a coletividade, ou seja, está posto implicitamente
pelo autor até que ponto os indivíduos são determinados pela
esfera coletiva. Nesse sentido, a explicação do suicídio como um fenômeno
social, logo objeto de estudo da sociologia é essencial.
Porém, para defini-lo enquanto um fenômeno social, Durkheim criou
uma tipologia para, a partir dela, elaborar uma teoria geral sobre o suicídio.
Para tal, o autor definiu o suicídio como sendo todo caso de morte ocasionado
direta ou indiretamente, seja por atos positivos4 ou negativos5 realizados
pelo próprio indivíduo e que o mesmo sabia a quais resultado chegaria.
Nesse sentido, é necessário considerar o suicídio não somente nos casos
reconhecidos por todos, mas também nos casos de morte voluntária, seja
por honra, glória ou qualquer outra motivação cultural de um determinado
conjunto de indivíduos.
Para concluir, porém, não esgotar o assunto, cabe expor que Durkheim
pretende distinguir o suicídio enquanto um fenômeno individual da taxa
de suicídio enquanto um fenômeno social, sendo assim, o autor explica o
suicídio6 pela sua taxa de incidência. Com isto, a explicação proposta por
Durkheim afasta as explicações psicológicas e suas características psicopatológicas
da compreensão das taxas de suicídio para explicá-la e compreendêla
como social, ou seja, sai das predisposições psicológicas para explicá-las
pelas determinações sociais propostas pelo seu método e não pelo determinismo
em si.
A APLICAÇÃO DO MÉTODO À EXPLICAÇÃO DO SUICÍDIO:
RELAÇÕES E AVANÇOS ENTRE AS REGRAS DO MÉTODO
SOCIOLÓGICO E O SUICÍDIO DE DURKHEIM
Primeiramente, salienta-se que Durkheim em sua trajetória histórica
de contribuições para a formação da sociologia e de seu método distintivo
das demais ciências começa em sua tese de doutorado sobre a divisão
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do trabalho social. Sendo mais bem demarcada na elaboração das Regras do
Método Sociológico, enquanto um método para explicar os fenômenos
sociais.
Já o estudo de Durkheim sobre o suicídio é uma aplicação do método
criado pelo autor e aperfeiçoado até sua obra considerada a mais “madura”,
qual seja As formas elementares da vida religiosa. A seguir, será visto
como o autor aplicou seu método e gradativamente o refinou na elaboração
do suicídio.
Em primeiro lugar, Durkheim apresenta o recorte e o interesse pelo
qual a sociologia deveria se prestar, ou seja, explicar os fenômenos sociais,
para tal feito seria necessário entender estes fenômenos como fato social.
Fato social é toda a maneira de fazer, fixada ou não, susceptível de
exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior: ou então, que é geral
no âmbito de uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma
existência própria, independente das suas manifestações individuais7
(DURKHEIM, 1995, p. 39).
Por sua vez, um fato social possui algumas características distintivas
dos demais fatos, quais sejam: a exterioridade às consciências individuais e
a ação coercitiva que exerce sobre os indivíduos. “Somos, então, vítimas de
uma ilusão que nos faz acreditar termos sidos nós quem elaborou aquilo
que se nos impôs do exterior” (DURKHEIM, 1995, p. 32). Com isto podese
dizer que o fato social é generalizado por ser social, mas não seu inverso.
A partir desta definição primária pode-se afirmar que o suicídio, ou
melhor, as taxas de suicídio são vistas como fato social, logo é um fenômeno
exterior as individualidades e é suscetível de exercer coerção sobre as consciências
individuais. Essa idéia parte de um pressuposto que não seria o
indivíduo quem daria origem ao suicídio, mas esse seria uma manifestação
da sociedade por meio de obrigações implícitas e difusas. Durkheim
exemplifica tal proposição por meio das correntes de opinião, por exemplo,
que podem levar ao casamento, ao suicídio, a uma maior ou menor taxa de
natalidade, entre outros fatos, sendo que ambos são qualificados como estados
da “alma coletiva”.
Porém, Durkheim não ficou apenas na definição do que é um fato
social, ele também se preocupou em verificar quais seriam as formas de
observação dos fatos sociais. Neste requisito a regra fundamental ficou
fundada no tratamento dos fatos sociais enquanto coisas, porque é só evitando
as pré-noções para se ter efetivação na objetividade científica.
FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 18, n. 9/10, p. 725-744, set./out. 2008. 733
Devemos, portanto, considerar os fenômenos sociais em si mesmos,
desligados dos sujeitos conscientes que deles têm representações; é
preciso estudá-los de fora, como coisas exteriores, porque é deste modo
que se nos apresentam [...] portanto, considerando os fenômenos
sociais como coisas, não faremos mais que conformarmo-nos com a
sua natureza (DURKHEIM, 1995, p. 52-3).
O fenômeno em cuja explicação nos empenhamos, só pode ser imputado
a causas extra-sociais de uma grande generalidade ou a causas
propriamente sociais (DURKHEIM, 1996, p. 19).
Nesse sentido pode-se dizer que há dois preceitos fundamentais presentes
na metodologia de Durkheim. A primeira é a observação dos fatos
sociais como coisas e, a segunda é o reconhecimento da coerção que eles
exercem sobre os indivíduos. Por coisas pode-se entender qualquer realidade
observável do exterior e que cuja natureza não se conhece de imediato.
O suicídio, ou melhor, a taxa de suicídios pode ser um bom exemplo onde
se verificam os dois preceitos expostos acima.
Na aplicação do método proposto por Durkheim à sociologia e evidenciado
na realização da pesquisa sobre as taxas de suicídio, fica evidente
que a explicação sociológica proposta pelo autor consiste no estabelecimento
de ligações causais, ou seja, a relação de um fenômeno como causa de outro
só é possível pela observação e/ou exame dos casos em que os dois fenômenos
estão presentes, para com isto verificar se há dependência entre eles.
Este método comparativo ou método da experiência indireta é por
excelência sociológico, uma vez em que a verificação da ligação entre variáveis
não pode ser feita pelo método da experimentação, porém, o rigor do
método comparativo proposto por Durkheim acaba por suprir a impossibilidade
da experiência.
A correlação dos textos de Durkheim aqui propostas evidencia alguns pontos
essenciais no pensamento do autor que estão contidos em todas suas obras, a saber:
o ponto de partida sempre é a definição do fenômeno; num segundo momento
se refuta as interpretações anteriores acerca do objeto enumerado e, por fim, buscase
a explicação do fenômeno considerado de forma sociológica. É justamente esse
desenvolvimento lógico e metodológico desenvolvido pelo autor que dá originalidade
ao objeto de estudo da sociologia nascente.
As refutações realizadas por Durkheim referem-se geralmente as interpretações
individualistas e as racionalizantes relativas à interpretação da
economia política.
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A PESQUISA QUANTITATIVA DE DURKHEIM EM CONTRASTE
COM A PESQUISA QUALITATIVA DE WEBER: DIÁLOGOS
E CONTRAPOSIÇÕES
Aqui, valemo-nos do Suicídio de Durkheim para explanação de sua
pesquisa quantitativa e sua respectiva aplicação teórico-metodológica sobre o
fenômeno a ser investigado de forma sociológica. Em Weber, nosso ponto de
partida é a Ética protestante e o espírito do capitalismo, isto porque acreditamos
que este livro, resultado de uma pesquisa qualitativa vai nos apresentar
os principais pontos de partida para compreensão do autor, principalmente
para a possibilidade de diálogos e contraposições à Durkheim.
Weber começa seu livro indagando quais seriam os fatores para que
na civilização ocidental e somente nela tivessem aparecido tais fenômenos
culturais, ou seja, quais as peculiaridades da racionalização no Ocidente?
Por que os embriões do capitalismo moderno evoluíram no ocidente e não
em outras partes do mundo?
Para tal, Weber apresenta uma breve caracterização de alguns fatores
históricos dessa racionalidade, ou seja, dos principais aspectos presentes neste
processo histórico, mas também político, social e cultural, a saber:
• o desenvolvimento da ciência com a presença da fundamentação matemática;
• o legado do Renascimento nas artes:
– a abóbada gótica como meio de distribuição de peso e de cobertura de
espaços na forma desejada;
– a introdução na pintura de linhas e perspectiva espacial;
– a imprensa jornalística e periódica.
• a ciência como forma sistemática e realizada por especialistas treinados
(institucionalização da ciência);
• a organização do Estado estamental com a composição de funcionários
especialmente treinados para funções específicas (processo de burocratização);
• o surgimento do conceito de cidadão, de burguesia e de proletariado
como classe trabalhadora livre e institucionalizada.
Por outro lado, o autor estabelece que a ânsia pelo lucro em si não
tem nada a ver com o capitalismo, ou seja, não é uma relação causal (causaefeito).
Este impulso existe entre garçons, prostitutas, médicos, cachaceiros
e etc. desde que haja possibilidades objetivas para que isto venha a ocorrer.
Além do mais, as diversas formas de troca, de obtenção de ganhos já existiam
no mundo antes da moderna civilização ocidental. Porém, a organização
capitalista racional assentada no trabalho livre é uma particularidade do ocidente.
FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 18, n. 9/10, p. 725-744, set./out. 2008. 735
A organização industrial racional orientada para um mercado real e
não para oportunidades políticas ou especulativas, é peculiaridade do capitalismo
ocidental. Sendo que a empresa capitalista contou com duas condições
fundamentais para realizar-se enquanto empreendimento diferenciado
e específico no tempo e no espaço:
• a separação da empresa da economia doméstica;
• a criação de uma contabilidade racional (o cálculo exato só é possível no
plano do trabalho livre).
Já a criação do conceito de cidadão, burguesia e proletariado enquanto
classe só passa a existir com a institucionalização e divisão do trabalho gerada
pelo processo de especialização e, por novas formas de organização da produção
de mercadorias na nascente sociedade capitalista. Este moderno capitalismo
racional se baseia nos meios técnicos da produção, num sistema legal
e numa administração orientada por regras formais (processo de burocratização
do mundo do trabalho e de impessoalização das relações sociais).
Mediante tais caracterizações e exposições, Weber começa a problematizar
seu objeto de estudo a fim de buscar uma compreensão significativa para
o problema da construção de um determinado ethos capitalista no ocidente
e suas possíveis relações com fatores que lhe deram sentido e motivação.
O primeiro problema apresentado visava compreender o porquê os
líderes do mundo dos negócios e proprietários do capital e os cargos de níveis
mais elevados eram predominantemente ocupados por protestantes (variável
ocupacional)?
Este problema pode num primeiro momento ser explicado de forma
histórica, ou seja, num passado longínquo a filiação religiosa não seria uma
causa das condições econômicas, mas aparece como resultante delas – condições
econômicas causariam o tipo de filiação religiosa centrada no protestantismo.
A posse econômica envolve dois fatores:
• posse prévia de capital (herdada);
• grau de escolaridade (educação, conhecimento sistemático).
Tanto a posse prévia de capital, como o grau de escolaridade podem
ser herdados e/ou facilitados por meio de riqueza ou, pelo menos, por meio
de um bem estar material, por exemplo: das partes ou grupos mais desenvolvidos
economicamente do antigo império, foram justamente às cidades
mais ricas que aderiram ao protestantismo no século XVI.
O segundo problema parte do primeiro, ou seja, perante esta primeira
construção surge outra indagação, qual seja: Porque razão as regiões de
maior desenvolvimento econômico foram ao mesmo tempo favoráveis a uma
revolução na Igreja?
736 FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 18, n. 9/10, p. 725-744, set./out. 2008.
As reformas protestantes não significaram à eliminação do controle
da igreja sobre a vida cotidiana, mas sim, na substituição do controle vigente
por uma nova forma, ou seja, foi à substituição de uma forma muito tênue
por um estilo mais rigoroso de controle sobre o cotidiano.
Ao passo que o domínio da igreja católica “punia o herege e perdoava
o pecador”. O domínio calvinista introduzido no século XVI, em Genebra
e na Escócia, na passagem do século XVI para o XVII em parte dos países
baixos e, no século XVII, na Nova Inglaterra, acabou por determinar um
maior controle e rigor nas condutas dos indivíduos.
Weber também identifica que o tipo predominante de escolaridade
entre protestantes e católicos era diferente, a saber:
• os protestantes se dedicavam (em sua predominância) aos estudos técnicos
de perspectivas em ocupações comerciais e industriais,
• os católicos se dedicavam (em sua predominância) aos estudos humanísticos
e tinham pouco interesse por empregos nas empresas capitalistas.
Outra constatação do autor era que havia uma menor porcentagem
de católicos formados do que protestantes.
Como forma de explicar a pequena proporção dos católicos entre os
trabalhadores especializados, Weber verificou que, no processo histórico de
transição do artesanato para os diaristas, os católicos preferiram ficar como
artesãos (mestres-artesão). Por sua vez, os protestantes preferiram serem diaristas.
Eles (protestantes) eram mais atraídos pelas fábricas onde, por sua
vez, acabavam preenchendo as camadas superiores da mão-de-obra especializada
e as posições administrativas mais elevadas.
O fenômeno acima teria como uma de suas explicações as peculiaridades
mentais e espirituais adquiridas do meio, especialmente as oriundas
do tipo de educação propiciada pela atmosfera religiosa do lar e da família
protestante.
Segundo Weber (2000), os protestantes, seja como maioria ou como
minoria, como governantes ou governados, sempre demonstraram tendência
específica para a racionalidade econômica.
Um terceiro problema posto pelo autor foi o porquê de haver tanta
diferença entre protestantes e católicos. Porque cada religião parte de orientações
diferentes que refletem diretamente nas respectivas condutas pessoais
dos indivíduos?
Ao passo que os católicos preferem a segurança, a não ganância para
garantir a vida eterna (espiritual), os protestantes preferem investir, arriscar
no trabalho, eles são contra o ócio e a luxúria, o que os fazem trabalhar e
aplicar/investir seus lucros.
FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 18, n. 9/10, p. 725-744, set./out. 2008. 737
A partir desta constatação, Weber (2000) estabelece uma relação entre
o protestantismo calvinista como sendo a religião que mais promovia o
desenvolvimento do espírito do capitalismo em diversas regiões do ocidente
(mais que o luteranismo – segundo dados quantitativos).
Por outro lado, o processo de racionalização do tempo, do tempo de
trabalho e do tempo livre no ocidente. Além da racionalização nas relações
de troca, nos investimentos e nos processos de acumulações são alguns dos
principais fatores componentes do espírito do capitalismo.
O espírito do capitalismo é a possibilidade de maximização do ganhar
dinheiro enquanto puder, ou seja, é um caráter ético de máxima orientação
da vida. O dever profissional enquanto vocação é a ética máxima da
cultura capitalista
Nesse sentido, o capitalismo conduz a vida econômica por um processo
de seleção econômica dos mais aptos, porém, esta seleção não deve
ser vista como algo pertinente em um único indivíduo isolado, mas sim
em um modo de vida comum a todo um grupo inteiro. A seleção entendida
enquanto uma forma de estabelecer o domínio, o poder de dominar
os outros.
A questão que se referia à ética capitalista enquanto um estilo normativo
de vida encontrou como principal opositor a tradição. O empreendedor
moderno paga o trabalhador agrícola pelo tempo de produtividade
(quanto mais se produz num determinado tempo mais se ganha). No tradicionalismo
o homem não tem por natureza ganhar cada vez mais dinheiro, ele
prefere ganhar o suficiente para satisfazer suas necessidades tradicionais.
O trabalho como um fim em si mesmo, ou seja, como vocação não
advém de baixos salários, nem de salários elevados, mas sim de um processo
de educação. A superação do tradicionalismo é feita pela educação religiosa,
principalmente pela possibilidade de conexão entre ética capitalista a
fatores religiosos.
A motivação da expansão do capitalismo moderno não é decorrente
das somas volumosas na origem do capital, mas sim, do desenvolvimento
do espírito do capitalismo, ou seja, onde aparece e é capaz de se desenvolver
e, em quais condições? Nesse processo, a presença de uma ética diferente da
presente no tradicionalismo é fundamental para o desenvolvimento do
capitalismo.
Ou seja, o que teria destruído as velhas formas de regulação mental
da vida medieval econômica aliado ao crescente poder do Estado moderno
seria a estrita ligação das condutas econômicas relacionadas com as forças
religiosas (principalmente as de ethos protestante).
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A economia capitalista individualista e racionalizada com base no
cálculo rigoroso e dirigida para o sucesso econômico é contrastiva com
a precária existência do camponês, com o tradicionalismo do artesão e
com o capitalismo aventureiro oriundo da especulação irracional, ou
seja, a existência de um é a negação do outro.
Nesse sentido o capitalismo pode ser entendido como parte do
desenvolvimento do racionalismo como um todo e, o protestantismo8
seria a medida do desenvolvimento de uma filosofia puramente racional.
Weber não pretende cair num reducionismo segundo o qual o espírito
do capitalismo foi determinado pelas reformas protestantes. Ele
está preocupado em apenas compreender em que medida as influências
religiosas participaram na moldagem qualitativa e na expressão quantitativa
do espírito do capitalismo.
Ou seja, somente depois de se verificar/compreender as correlações
existentes entre o movimento religioso, no sentido de agir sobre o
desenvolvimento da cultura material, é que se poderá avaliar em que
medida os fenômenos culturais contemporâneos se originaram historicamente
em movimentos religiosos.
Perante tal compreensão, Weber (2000) estabelece quais foram os
representantes históricos do protestantismo ascético no ocidente, a saber:
• calvinismo (especialmente no século XVII);
• pietismo;
• metodismo e;
• seitas derivadas do movimento Batista.
Porém, esta distinção não foi tão linear na prática, na história. O metodismo
surge pela primeira vez no século XVIII no seio da Igreja Anglicana
da Inglaterra. Só ulteriormente com seu alastramento pela América é
que se separou da Igreja Anglicana.
O pietismo inicialmente se desenvolveu no seio do movimento
calvinista na Inglaterra e na Holanda e só foi se separando de forma
gradativa até a sua absorção no século XVII pelo luteranismo, sob liderança
de Spencer, conservando-se como um movimento dentro da Igreja
Luterana.
Porém, vai ser no calvinismo que vai surgir à doutrina da predestinação,
ou seja, alguns são os escolhidos, mas ninguém sabe quem esta
entre os escolhidos. Poucos são os escolhidos para as bem-aventuranças
por meio da glória e da majestade de Deus.
FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 18, n. 9/10, p. 725-744, set./out. 2008. 739
• aplicar padrões de justiça terrena aos desígnios de Deus é desprovido
de sentido e é um insulto a Sua Majestade (Deus) (ex: os homens por
intermédios dos padres se redimem com Deus a alcançam a salvação
– vida eterna);
• o homem só fica sabendo dos desígnios de Deus caso o mesmo resolva
revelá-lo;
• o homem não sabe qual é o seu destino individual.
Tudo o que é carne esta separado de Deus e somente a morte eterna
na glorificação de Deus é que os aproxima (Homem-Deus). Apenas uma
parte da humanidade será salva e a outra será condenada, ou seja, o homem
não pode e nem consegue influir sobre seu destino. Seu destino foi
marcado pela liberdade de escolha e agir de Deus.
Este processo marca a ruptura do Pai Celestial do novo testamento
tão humano e compreensivo que perdoava o pecador para a entrada
de um Deus transcendental para além do entendimento humano.
A graça de Deus é tão impossível de ser perdida por aqueles que
ele concedeu, assim como também é inatingível para aqueles que ele
negou. O caminho a ser percorrido era reservado apenas às individualidades
dos próprios homens, nenhum sacerdote poderia ajudar.
A principal diferença entre o catolicismo e o calvinismo consistia na
eliminação da salvação por meio da igreja e dos sacramentos no segundo
(Calvinismo). Por outro lado, a predestinação é a confiança exclusiva em
Deus, ou seja, os eleitos como a igreja invisível de Deus.
O intercâmbio do calvinista com Deus era desenvolvido em um
profundo isolamento espiritual. Para o calvinismo o mundo existe para
a glorificação de Deus e o cristão eleito está no mundo apenas para aumentar
esta glória. O crente religioso pode se sentir como receptáculo
do Espírito Santo ou como instrumento da vontade de Deus.
a)no primeiro caso, a vida religiosa tende para o misticismo (Lutero);
b no segundo caso, a vida tende para a ação ascética (Calvinismo).
Para o calvinismo, as boas obras embora não pudessem salvar, era
um sinal de escolha dos eleitos (salvação pelas obras). Já no catolicismo
há a existência do sacramento da absolvição. O sacerdote como um
mágico que realiza o milagre da transubstanciação é que tinha nas mãos
a chave para a vida eterna.
No calvinismo era requerido dos fies boas obras isoladas além da
própria santificação pela obras. O trabalho como vocação e a noção de
predestinados por meio da realização bem sucedida do trabalho. No
calvinismo o asceticismo é transformado em atividade terrena. O ócio
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influências sobre a orientação do espírito do capitalismo há a predominância
dos tipos de ação racional. Aliás, a ação racional adquire predominância
na sociedade moderna com a burocratização do Estado capitalista, com o
processo de racionalização e desencantamento do mundo moderno.
Durkheim parte de sua pesquisa quantitativa centrada na explicação
dos fatos sociais presentes nas consciências coletivas ao passo que Weber,
em sua sociologia compreensiva, visa compreender quais as motivações que
orientam as ações dos indivíduos, tendo como um dos principais recursos
metodológicos para tal realização, a classificação já exposta e as tipologias
criadas. Nesse sentido, pode-se afirmar que enquanto que o primeiro
(Durkheim) parte da explicação para se compreender, o segundo (Weber)
partiria da compreensão para depois explicar.
Na elaboração deste método proposto por Weber que fundaria o que
ele mesmo denominou de sociologia compreensiva, quando aplicada a uma
de suas pesquisas sobre a ética protestante e o espírito do capitalismo, algumas
indagações são evidenciadas, a saber: qual seria a peculiaridade do desenvolvimento
do capitalismo no ocidente e não em outras partes do mundo
(oriente, por exemplo?).
Para começar a responder tal pergunta/indagação, Weber parte do mesmo
princípio que Durkheim, ou seja, começa refutando as hipóteses propostas.
A primeira a ser refutada é a de uma explicação puramente econômica, sendo
essa verificada por Weber como incapaz, por si só, de justificar as particularidades
presentes no desenvolvimento do capitalismo do ocidente.
Num segundo momento, Weber salienta a necessidade de se compreender
qual seria o etos específico dos primeiros empresários capitalistas
europeus para se compreender o porquê este comportamento faltava nas
outras civilizações.
Uma das particularidades presente no ocidente e verificada por Weber
consistiu no ehtos protestante enquanto uma das fontes racionalizadoras
da vida e que contribuiu para o que o autor denomina de espírito do capitalismo.
Weber não pretende com isto estabelecer uma relação causal meramente
mecânica entre o protestantismo e o capitalismo, mas sim,
compreender o quanto o ethos protestante foi racionalizador e contribuiu
com isto para a evolução do capitalismo9 .
Nesse sentido Weber está preocupado em compreender como a ética
protestante em suas motivações psicológicas e morais motivou a formação
do espírito do capitalismo. No desenvolvimento de sua pesquisa, sua maior
preocupação era com a análise do calvinismo do fim do século XVII (e não
os próprios escritos de Calvino que viveu cerca de aproximadamente 150
FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 18, n. 9/10, p. 725-744, set./out. 2008. 741
anos antes). É justamente a partir deste procedimento que a aplicação da
sociologia compreensiva de Weber é utilizada para o entendimento da correlação
da ética protestante com o espírito do capitalismo.
Enquanto Weber visa compreender o desenvolvimento e a evolução
do capitalismo no ocidente por meio das motivações engendradas pela ética
protestante. Durkheim visa explicar a taxa de suicídios enquanto um fenômeno
social, logo exterior e coercitivo aos indivíduos (centrado numa noção
de coletividade) dentro de relações causais bem definidas.
A análise que Weber faz parte da idéia de um tipo ideal de ética protestante
na qual se encontra a noção de predestinação (convicção religiosa)
e a noção do trabalho enquanto vocação.
Na primeira, há a referência de que ninguém saberia quais são os escolhidos,
ou seja, os desígnios de Deus seriam irrevogáveis, sendo tão impossível
perder sua graça uma vez que a tendo ganhado, quando tentar adquiri-la
quando a foi recusada. Esta convicção acaba por eliminar gradativamente a
magia, há um desencantamento do mundo e, por conseguinte, uma racionalização
crescente nas diversas esferas das relações sociais.
Uma vez engendrado o processo de desencantamento do mundo
juntamente com a não declaração explícita de quem seriam os escolhidos
por Deus, o trabalho enquanto vocação surge como uma tentativa de demonstrar,
por meio de sua eficácia social, quais seriam os possíveis predestinados.
Nesse sentido, o trabalho mais eficaz seria uma manifestação da
glória de Deus e um sinal da eleição baseada na vida ascética, ou seja, o êxito
no trabalho confirmaria a vocação pessoal.
Essa conduta ascética contribuiu para a racionalização de toda a
existência relacionada com a vontade de Deus, ou seja, houve uma racionalização
do comportamento dos indivíduos, inclusive no mundo dos negócios.
Entretanto, o êxito no mundo do trabalho não é sinônimo de riqueza
no seu caráter de acumulação para vida ociosa, luxúria ou coisas do tipo,
mas sim como forma de acumulação para o investimento. Quanto mais se
investia, quanto maior produtividade se adquiria no trabalho e, em
contrapartida a recusa ao luxo e ao ócio esteve intimamente ligada a um
novo estilo de vida que influenciou diretamente o espírito do capitalismo.
Por meio da ética protestante foi possível compreender o desenvolvimento
do espírito do capitalismo por causa da nova característica que foi
introduzida ao mundo do trabalho. Ou seja, há uma fundamentação cujas
origens são a moral religiosa que, por sua vez, influencia nos estilos de vida
e trabalho dos indivíduos, refletindo diretamente na forma, no modo de
aplicação e condução dos negócios profanos.
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Enquanto Weber está preocupado com sua pesquisa qualitativa
em quais motivações estariam orientando as ações dos indivíduos (ética
protestante e espírito do capitalismo) para compreender o porquê das
particularidades do capitalismo no ocidente, Durkheim, em sua pesquisa
quantitativa sobre o suicídio, está preocupado em dar o status ao problema
do suicídio enquanto um objeto de estudo da sociologia. Para tal,
parte da explicação desse fenômeno dentro de condições de variabilidade
(taxa de suicídio) num processo de objetivação do mesmo e remetido
a esfera da consciência coletiva e não as perturbações ou crises psicológicas
dos indivíduos.
Refletir sobre Durkheim e Weber enquanto fundadores da sociologia
clássica implica em diferenciá-los pelo método, porém não
hierarquizá-los do melhor para o pior. As diferenças metodológicas
verificadas no decorrer deste trabalho e a própria diferença no tipo de
pesquisa pelo qual cada autor optou em realizar (o primeiro a pesquisa
quantitativa e o segundo a pesquisa qualitativa) devem ser encaradas
como modelos consistentes de como se realiza uma pesquisa com coerência
na aplicação do método e clareza nas explicações/compreensões
daí resultadas.
A pesquisa quantitativa de Durkheim sobre o suicídio segue a rigor
sua proposição metodológica de considerar as taxas de suicídios como um
fenômeno social, logo possuidor das características de um fato social (coercitivo
e exterior). O que acaba por explicar o fenômeno supra enquanto
um fenômeno social presente nas consciências coletivas, ou seja, algo a ser
estudado/pesquisado e explicado pela sociologia, ciência que o autor está
fundando.
O mesmo rigor que Durkheim apresenta no desenvolvimento de
sua pesquisa Weber apresenta na elaboração de sua pesquisa qualitativa
que visa à compreensão de quais motivações estariam orientando as ações
dos indivíduos para o desenvolvimento singular do espírito do capitalismo
no ocidente e não em outras civilizações. Para tal, Weber cria algumas
classificações e tipologias para melhor compreender esta relação múlticausal
de motivações orientando determinadas ações, que por sua vez,
acabam por definir um novo tipo de estilos de vida e, por conseguinte,
um novo padrão de relações sociais mais racionalizadas, ocasionando um
desencantamento do mundo.
FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 18, n. 9/10, p. 725-744, set./out. 2008. 743
Tanto o primeiro autor (Durkheim) quanto o segundo (Weber) têm
contribuições relevantes à sociologia e as ciências sociais como um todo.
Seja nas pesquisas de cunho quantitativo ou qualitativo, seja pela forma
de explicar para depois compreender ou de primeiro compreender para
depois poder explicar, enfim, ambos possuem corroborações essenciais à
pesquisa sociológica ainda na atualidade.
O que acaba por reforçar que os esforços em realizar pesquisa (quantitativa
ou qualitativa) nas ciências sociais tem sua validade e viabilidade
quando sustentadas por abordagens teórico-metodológicas capazes de dar
alguma resposta a determinados fatos/fenômenos sociais. Ou seja,
metodologias capazes de a partir das particularidades das formas de tratamento
da relação sujeito/objeto das ciências sociais (sociologia, antropologia
e ciência política) sem perder de vista o princípio da refutação e,
ao mesmo tempo, validar hipóteses e conseqüentemente, conseguir explicar/
compreender determinados fenômenos/fatos sociais presentes em
determinados momentos históricos.
Notas
1 O fato social é distintivo de outros fenômenos presentes na natureza e nas predisposições psíquicas
dos indivíduos por se apresentarem como coisa exterior às consciências individuais e susceptíveis de
exercerem ação coercitiva sobre as mesmas.
2 O clima aqui é entendido em suas variações, calor e frio, por exemplo.
3 Correlação entre as taxas de suicídio e as variações na temperatura (calor e frio e suas respectivas intensidade
segundo um padrão quantitativo – categorização da temperatura em intervalos).
4 Os atos positivos estão associados às mortes provocadas de forma direta pelos indivíduos, como por
exemplo, o ato de um indivíduo disparar contra si mesmo um tiro de revolver ou apunhalar uma faca
em pontos vitais do seu corpo.
5 Os atos negativos por sua vez estão associados às mortes provocadas de forma indireta, tal como o
ato de um indivíduo que resolve deixar de comer ou, que numa eventualidade não queira sair da frente
de um automóvel que venha em sua direção, por exemplo.
6 Durkheim ainda vai caracterizar as causas sociais e os respectivos tipos sociais que o suicídio apresenta,
ou seja, o autor acaba por dividir o suicídio em três grandes agrupamentos, a saber: o suicídio
egoísta; o suicídio altruísta e o suicídio anômico.
7 Este parentesco estreito entre a vida e a estrutura, entre o órgão e a função, pode ser facilmente estabelecido
em sociologia porque entre estes dois termos extremos existe toda uma série de
intermediários imediatamente observáveis que mostra a ligação entre eles. A biologia não tem o mesmo
recurso. Mas é permitido acreditar que as induções da primeira destas ciências sobre este assunto são
aplicáveis à outra e que nos organismos, tal como nas sociedades, só existem diferenças de grau entre
estas duas de facto (DURKHEIM, 1995, p. 39).
8 Para o luteranismo, a profissão era como um ‘Dom’ especial de Deus. Neste aspecto, o calvinismo
se difere tanto do catolicismo quanto do luteranismo.
9 Weber não tenta com isto realizar uma inversão da esfera econômica para a religiosa como causa única.
O autor compreende que há várias causas intrinsecamente ligadas a evolução do capitalismo, porém, sua
pesquisa se preocupa em compreender a correlação da ética protestante para o espírito do capitalismo.
744 FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 18, n. 9/10, p. 725-744, set./out. 2008.
Referências
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DURKHEIM, E. As formas elementares da vida religiosa. São Paulo: Abril Cultural, 1983a.
DURKHEIM, E. Da divisão do trabalho social. São Paulo: Abril Cultural, 1983b.
DURKHEIM, E. Sociologia e filosofia. São Paulo: Ícone, 1994.
DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. Lisboa: Presença, 1995.
DURKHEIM, E. O suicídio: estudo sociológico. Lisboa: Presença, 1996.
FREUND, J. Sociologia de Max Weber. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1987.
GIDDENS, A. Capitalismo e moderna teoria social. Lisboa: Presença, 1994.
GIDDENS, A. Política, sociologia e teoria social: encontros com o pensamento social clássico e contemporâneo.
São Paulo: Edunesp, 1998.
WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Pioneira, 2000.
WEBER, M. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Brasília: Ed. da UnB,
1994.
Abstract: Max Weber and Émile Durkheim are two of the most important
classic authors of the social sciences. The influence of their respective theories
and methodological approaches are still noticed in many authors now. Here
we will present preliminarily the authors’ contributions for the qualitative
and quantitative researches, for such we talked about the qualitative research
of Weber in the work the ‘Protestant ethics and the spirit of the capitalism’
and the quantitative research of Durkheim on ‘Suicide: I study sociological’.
Key words: Max Weber, Émile Durkheim, protestant ethics, suicide,
researches qualitative and quantitative research
ALESSANDRO ANDRÉ LEME
Doutor em Ciência Política pela Unicamp. Pós-doutorando no IFCH/Unicamp. Pesquisador e professor
colaborador no FCH/Unicamp. Sociólogo e cientista político.