terça-feira, 20 de outubro de 2009

HISTORIA DO ROCK NACIONAL - RESUMO DA ÓPERA



Anos 50

O "pontapé inicial" do rock no Brasil foi
Nora Ney (conhecida cantora de samba-canção) quando gravou o considerado primeiro rock, "Rock around the Clock", de Bill Haley & His Comets (trilha do filme Sementes da Violência), em outubro de 1955, para a versão brasileira do filme. Em uma semana a canção já estava no topo das paradas (mas Nora Ney nunca mais gravou nada no gênero, tirando a irônica "Cansei do Rock", em 1961). Em dezembro, a mesma canção recebia versão em português, "Ronda das Horas" (por Heleninha Ferreira) e outra gravada por um acordeonista, não tão bem sucedidas quanto a "original".
Em
1957, foi gravado o primeiro rock original em português, "Rock and Roll em Copacabana", escrito por Miguel Gustavo (futuro autor de "Para Frente Brasil") e gravada por Cauby Peixoto. Entre 57 e 58, diversos artistas gravaram versões de músicas americanas, como "Até Logo, Jacaré" ("See You Later, alligator"),"Meu Fingimento" ("The Great Pretender" dos The Platters) e "Bata Baby" (Long Tall Sally de Little Richard).
Embora em 57 o grupo Betinho & Seu Conjunto, de "Enrolando o Rock" tenha alcançado grande fama, os primeiros ídolos do rock nacional foram os irmãos
Tony e Celly Campelo que, em 1958, lançaram o compacto Forgive Me/Handsome Boy, que vendeu 38 mil cópias. Tony gravaria mais dois singles até seu álbum em 1959, e Celly estourou em 1959 com "Estúpido Cupido" (120 mil cópias vendidas), chegando a ter boneca própria (com a qual aparece na capa de seu LP "Celly Campello, A Bonequinha Que Canta").
Os Campello também apresentariam Crush em Hi-Fi na
Rede Record, programa totalmente voltado para a juventude, que revelou diversas bandas.Outros programas também surgiram para aproveitar a "febre" como Ritmos para a Juventude (Rádio Nacional-SP), Clube do Rock (Rádio Tupi -RJ) e Alô Brotos! (TV Tupi). Em 1960, surgira até a Revista do Rock.



Anos 60
O começo da década foi marcado pelo surgimento de grupos instrumentais como The Jet Black's, The Jordans e The Cleevers (futuros
Os Incríveis), e do cantor Ronnie Cord, que lançaria dois "hinos": a versão "Biquíni de Bolinha Amarelinha" e a rebelde "Rua Augusta".
Até que surge um
capixaba que se tornaria o maior ídolo do Rock Nacional dos anos 60 e, posteriormente, o maior nome da música brasileira: Roberto Carlos, que emplacou dois hits em 1963: "Splish Splash" e "Parei na Contramão". No ano seguinte, obteve mais sucessos como "É Proibido Fumar" (mais tarde regravada pelo Skank) e "O Calhambeque". Aproveitando o sucesso, a Rede Record lançou o programa Jovem Guarda, apresentado por Roberto ("Rei"), seu amigo Erasmo Carlos ("Tremendão") e Wanderléa ("Ternurinha"). Só nas primeiras semanas, atingira 90% da audiência.
Seguindo o sucesso das
Jovem Guarda, surgem entre outros, Renato e seus Blue Caps, Golden Boys, Jerry Adriani, Eduardo Araújo e Ronnie Von, que tinham seu som inspirado nos Beatles (o gênero apelidado "iê-iê-iê") e no rock primitivo. A Jovem Guarda também levou a todo tipo de produto e filmes como Roberto Carlos em Ritmo de Adventura (seguindo a trilha de A Hard Day's Night e Help! dos Beatles).
Apesar disso, os artistas da
MPB "declararam guerra" ao iê-iê-iê da Jovem Guarda, chegando a um protesto de Elis Regina, Jair Rodrigues, entre outros, conhecido "Passeata contra as guitarras elétricas". O programa terminaria em 1968, com a saída de Roberto Carlos.
Então, surgiria a
Tropicália. Em 1966, surgiram Os Mutantes: Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, com seu deboche e som inovador. Em 1967, a dupla Caetano Veloso e Gilberto Gil faria as canções "Alegria, Alegria" e "Domingo no Parque", apresentadas no III Festival da Rede Record. No ano seguinte, o álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band fascinou a dupla, levando a apresentações vaiadas em festivais de Record e Excelsior, e ao álbum coletivo Tropicália ou Panis et Circensis, com Mutantes, Gal Costa, Tom Zé, Torquato Neto, Capinan, Rogério Duprat e Nara Leão, considerado um dos melhores álbuns brasileiros da história.
Os Mutantes também criariam carreira grandiosa, com álbuns elogiados a partir de
1968 e chegando a influenciar até Kurt Cobain, do Nirvana. O grupo começaria a se desmanchar com a saída de Rita Lee, em 1973.



Anos 70
O endurecimento da
ditadura militar levou Caetano e Gil ao exílio em Londres, onde viveram de 1969 a 1972. Durante o período, gravaram dois discos considerados dos seus melhores, Transa (Caetano), e Expresso 2222 (Gil).
Após sair dos Mutantes no final de 1972, Rita Lee iniciou uma muito bem sucedida carreira solo, acompanhada do grupo
Tutti Frutti. Arnaldo Baptista também gravou o aclamado Loki? (1974). Os Mutantes ainda atravessaram a década convertidos ao rock progressivo, passando por várias formações e dissolvendo-se em 1978.
Em 1973, surgiram
Secos & Molhados, liderados por João Ricardo, com Ney Matogrosso como vocalista, que faziam a chamada "poesia musicada", com canções muito bem elaboradas como "Rosa de Hiroshima" ou "Prece Cósmica", apesar de alguns flertes menos poéticos e mais divertidos como "O Vira". Dois álbuns e um ano depois, em 1974, o grupo com sua formação clássica (João, Ney e Gerson Conrad) se desfez.
Em 1973 também surgiu outro ícone:
Raul Seixas, que vendera 600.000 compactos de "Ouro de Tolo" em poucos dias e se tornaria "bardo dos hippies" com músicas debochadas como "Mosca na Sopa" e "Maluco Beleza", esotéricas como "Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás" e "Gita", e as motivacionais "Metamorfose Ambulante" ( que compunha aos 14 anos) e "Tente Outra Vez".
Movimentos surgiram em outros locais do Brasil: em
Minas Gerais, o "Beatlesco" Clube da Esquina, liderado por Milton Nascimento e Lô Borges; e no Nordeste, a "nova onda" dos Novos Baianos, além da chamada "Invasão Nordestina": artistas que misturaram o sertanejo ao rock, como Fagner, Zé Ramalho e Belchior.
Mesmo com o pouco espaço na mídia, várias bandas e estilos se destacavam no circuito underground da época, como o progressivo regional de
O Terço (que chegou a gravar um álbum em inglês voltado para o mercado italiano), o hard rock do Made in Brazil, o rock rural de Sá, Rodrix e Guarabyra e o hard progressivo do Casa das Máquinas.



Anos 80
Ver artigo principal: Rock brasileiro na década de 1980
Atribui-se a esta década a popularização do rock brasileiro, movimento que surgiu para aproveitar a onda do estilo musical (rock) que já havia se consagrado mundialmente nos anos 70. Muitas bandas deste estilo, como os
Titãs e Os Paralamas do Sucesso permanecem ativas até hoje, fazendo apresentações por todo o Brasil. Outras bandas e artistas da época, como Legião Urbana e Renato Russo, foram imortalizados e tocam nas rádios até hoje, devido ao grande sucesso entre o público, principalmente adolescentes.
Nos anos 80, ocorreu a verdadeira "explosão" do rotulado "BRock". Isso se deve em parte à criação de casas de show, como Noites Cariocas e
Circo Voador (Rio) e Aeroanta (São Paulo). As primeiras bandas a fazerem sucesso foram os irônicos Blitz ("Você não soube me amar") e Eduardo Dusek ("Rock da Cachorra", junto com João Penca e Seus Miquinhos Amestrados), no batizado "Verão do Rock", em 1982.
As bandas mais cultuadas dos anos 80 formam um "quarteto sagrado"[
carece de fontes?]. São elas: Os Paralamas do Sucesso, cariocas (que se conheceram em Brasília) surgidos em 82, com um reggae parecido com o The Police e influência ska de Lauren Aitken ; Titãs, paulistas (mais tarde "suavizados"). Inicialmente, juntavam as estéticas da new wave e do reggae com a da MPB, e, de 1982 à 1984, a banda era formada por nove integrantes - além dos músicos que continuam no grupo, fizeram parte do conjunto: Ciro Pessoa (vocais), Arnaldo Antunes (vocais), Marcelo Fromer (guitarra) e Nando Reis (baixo/vocais), logo se tornando um octeto, numa formação que duraria até 1992, com a saída de Arnaldo. O baterista do grupo Ira!, André Jung, tocou seu instrumento no primeiro trabalho titânico, depois cedendo seu posto a Charles Gavin; Os cariocas Barão Vermelho, surgidos em 82 e liderados por Cazuza. Com a saída dele (que teve carreira-solo bem sucedida), o guitarrista Frejat assumiu os vocais; e os brasilienses Legião Urbana, liderados por Renato Russo, surgiram em 82, emplacando suscessos como Faroeste caboclo, que chegou ao topo das radios. A banda acabou com a morte de Renato, em 1996. Os outros legionários que compunham a banda eram: Marcelo Bonfá (bateria) e Dado Villa-Lobos (Guitarra). Renato Rocha foi baixista da banda até 1988.
E teve outras também de grandes sucessos na época, como as bandas
Sempre Livre, Gang 90 e as Absurdettes, Biquini Cavadão, Hanói Hanói, Hojerizah, Harmony Cats, Lobão e os Ronaldos, Metrô, Magazine, Grafitti,Ed Motta & Conexção Japeri, além de cantores(as) como Marina Lima, Léo Jaime, Ritchie, Kid Vinil, Fausto Fawcett, entre outros.
Vários locais do Brasil tinham suas bandas surgindo no
Rio de Janeiro, surgiram os alegres Kid Abelha e Léo Jaime; Uns e Outros e o fim da banda Vímana revelou Lulu Santos, Lobão (também ex-Blitz) e Ritchie; em São Paulo, o Festival Punk de 81 revelou Inocentes, Cólera e Ratos de Porão. Além dessa cena, surgiram as principais bandas paulistas, como Ultraje a Rigor (no qual Edgard Scandurra tocou antes do Ira!), Ira!, Titãs, RPM, Zero, Metrô (banda),e Kid Vinil (então vocalista da banda Magazine). Sem se esquecer da cena independente muito bem representados pelo Fellini, Smack, Voluntários da Pátria, Akira S E Garotas Que Erram, e Mercenárias; em Brasília, o Aborto Elétrico (em que Renato Russo tocara) virou o Capital Inicial (que acabou se fixando em São Paulo), e a Plebe Rude teve o sucesso "Até Quando Esperar"; e no Rio Grande do Sul, os "cabeças" Engenheiros do Hawaii e Nenhum de Nós chegaram ao sucesso nacional. Também estouraram bandas gauchas de rock como TNT, Taranatiriça, Cascavelletes, Os Replicantes, Os Eles, Bandaliera,Garotos da Rua e De Falla. Além deles, houve os baianos Camisa de Vênus, e os headbangers mineiros Sepultura, que com o seu Thrash Metal único, foram uma das poucas bandas brasileiras a fazer sucesso no exterior.


Anos 90
A década começou com apenas uma novidade: a
MTV Brasil, em 1990. E o primeiro "grande grupo" da década foram os mineiros Skank, que misturavam rock e reggae. Ao longo da década, outros grupos mineiros surgiriam, como Pato Fu, Jota Quest e Tianastacia.
Em 1994, surgiu em
Recife o movimento Mangue beat, liderados por Chico Science & Nação Zumbi e Mundo Livre S/A. O movimento misturava percussão nordestina a guitarras pesadas, conquistando a crítica.
Entre 94 e 95 surgiram dois grupos bem-sucedidos pelo humor: os brasilienses
Raimundos (94), com o ritmo forrócore" (forró+hardcore) e os guarulhenses Mamonas Assassinas (95), parodiando do heavy metal ao sertanejo, que chegaram a fazer 3 shows por dia e venderam 1,5 milhão de cópias antes de morrerem em um acidente de avião, em 96 (chegaram a 2,6 milhões).
Alguns
rappers tiveram ligação íntima com o rock, como Gabriel o Pensador e o Planet Hemp (que pedia a legalização da maconha).
Seguindo o caminho do Sepultura, o
Angra gravou em inglês músicas originais e com letras inteligentes que tinham uma pegada de Power Metal e Metal Melódico, mas misturando com ritmos brasileiros e letras que relembravam o passado histórico do Brasil (álbuns Freedom Call e Holy Land). A banda alcançou grande sucesso e muitos elogios de intelectuais brasileiros e estrangeiros. A Banda em 2001 anuncia a saída de três membros. Mesmo conseguindo novos fãs, os fãs antigos dizem que o novo vocalista não tem capacidade de substituir Andre Matos, o lendário vocalista brasileiro, aclamado no mundo inteiro, alcançando considerável sucesso no exterior junto com Tribuzy e Sepultura.
Outros destaques são
O Rappa, também reggae/rock; Charlie Brown Jr., um "skate punk" com vocais rap; Cássia Eller, com um repertório de Cazuza e Renato Russo; e Los Hermanos, que surgiram com "Anna Júlia", canção pop que não combinava com a imagem intelectual da banda.
Outro fato da década é que todas as bandas do "quarteto sagrado" (exceto a Legião) tiveram de se reinventar para reconquistar audiência: os Paralamas, depois de uma fase experimental, voltaram às paradas com
Vamo Batê Lata (95); o Barão Vermelho, com o semi-eletrônico Puro Êxtase(98); e os Titãs, com seu Acústico MTV (97). Depois de um tempinho, surgiram Wilson Sideral e Flávio Landau (ambos irmãos de Rogério Flausino vocalista do Jota Quest]]); Wilson Sideral emplacou nas rádios brasileiras o seu primeiro sucesso que foi a faixa "Não pode parar", e depois de um tempo foi "Zero a zero".



Anos 2000
O ano de 2001 foi um ano "trágico" para o rock brasileiro.
Herbert Vianna, dos Paralamas, sofreu acidente de ultraleve e ficou paraplégico (mas voltou a tocar); Marcelo Frommer, dos Titãs, morreu atropelado; Marcelo Yuka, d'O Rappa, foi baleado e ficou paraplégico (saiu da banda); e Cássia Eller morreu.
As bandas dos 90 passaram por muitas mudanças: o Skank ficou mais
britpop e cheio de experimentalismo nas músicas o que foi visto nos discos Cosmotron (2003) e Carrossel (2006); o líder dos Raimundos, Rodolfo, converteu-se a uma igreja evangélica e saiu da banda para formar o Rodox (que também acabaria algum tempo depois), atualmente faz carreira solo com músicas gospel; a banda Los Hermanos, lançada com o sucesso "Anna Júlia", mudou seu estilo a partir do segundo, polêmico, experimental e aclamado disco Bloco do eu sozinho (2001), e conseguiram continuar essa nova identidade com Ventura (2003) e 4 (2005); e três dos quatro integrantes do Charlie Brown Jr. abandonaram o grupo mas a banda segue em frente com apenas dois integrantes originais (o vocalista Chorão e o guitarrista Thiago, que abandonou a banda em 2001 mas voltou quatro anos depois).
Duas origens alavancaram sucessos: a MTV, com seu Acústico, "ressuscitou" alguns grupos dos anos 80, como Capital Inicial e Ira!; e o produtor dos Mamonas, Rick Bonadio, que revelou entre outros,
Tihuana, Leela, O Surto e CPM 22 (com hardcore melódico). Também surgiu a banda Detonautas Roque Clube, na ativa desde 1997 mas lançada ao grande público em 2002, que chegou a abrir shows de Red Hot Chili Peppers e Silverchair.
Além do CPM 22, outras bandas influenciadas pelo hardcore melódico vem a tona desde 2005, como
NX Zero e Fresno.
O
rock gaúcho revelou diversas bandas durante a década, como Cachorro Grande, Comunidade Nin-Jitsu, Bidê ou Balde, Ultramen e Chimarruts.




Referências
Superinteressante: História do Rock Brasileiro, Editora Abril, 2003
"50 Anos",
Estado de Minas, 23 de Outubro de 2005
Historia do Rock Brasil,
Partes 1 e 2

Tremendão lança álbum só de rock

O cantor Erasmo Carlos está bem humorado e eufórico com o lançamento do seu novo álbum, “Rock ‘n’Roll”, que, como o próprio nome já diz, traz o Tremendão de volta para suas raízes. Guitarra, baixo, bateria e a rebeldia romântica do rock estão dignamente bem abusados em seu novo trabalho, que , talvez, seja um dos melhores discos de rock nacional de 2009.
Além de comentar sobre as faixas do seu novo álbum, como “Cover”, uma brincadeira com ele mesmo, já que nunca viu um cover de si, e “Olhos de Mangá”, que retrata o olhar escravizador das mulheres, Erasmo ainda discute sobre a indústria fonográfica, sua fama de galã e bad boy, o amor no rock'n'roll e também sobre FHC e a maconha. Confira a entrevista!


ONNE – Como você nunca encontrou o seu cover?

Erasmo Carlos - Nunca vi bixo; nunca vi cover nenhum. Não é pessoa que parece comigo. Pessoa que parece comigo tem uma porção por aí. É cover mesmo que eu digo, aquele cara que imita o artista, que anda igual o artista, roupa igual a do artista, fala, vive, canta, sabe da vida do artista mais do que o próprio artista. Aquele cara que eu não encontro por aí, como cover de Roberto Carlos, cover de Raul Seixas, de Elvis Presley. São caras assim que eu nunca encontrei.


ONNE – Sobre o álbum, Rock’n’Roll é um nome tão simples e tão intrínseco a sua pessoa. Por que Erasmo Carlos Rock’n’Roll?


EC - Há muito tempo que eu estava me devendo este disco só de rock. Eu sempre gravo rock; quer dizer, desde os anos 80 que eu não faço disco voltado para o ritmo. É sempre uma música aqui, outro ali, um samba, sabe muito misturado. Porque eu sou um compositor brasileiro, sofro influência de tudo, dependendo muito do meu estado de espírito. Às vezes eu acordo querendo fazer um samba, por exemplo. Aí eu faço. Mas eu estava com saudade mesmo de me voltar todo pro ambiente roqueiro, para realidade roqueira. Os fãs vêm me cobrando um disco mais de guitarra, com menos teclados. Então eu fiz uma leva [de músicas] boa. Fiz umas 25 músicas. Além dessas que eu gravei, ainda sobrou uma para Os Mutantes, que eles gravaram agora, chama “Singing the Blue” - Cantando as Tristezas -, está no disco novo que saiu lá fora. Então, foi uma leva boa de rock’n’roll, e eu disse: “chegou a hora!”.

ONNE - Falando um pouco das músicas, “Olhar de Mangá” apresenta diversas mulheres e cita vários nomes como Xuxa, Daniella Cicarelli e Janis Joplin. Que tipo de mulher você quis retratar?
EC - Logicamente, isso é tudo uma grande brincadeira. Eu quero falar do olhar da mulher. Aquele olhar que te escraviza na hora. E ela faz o que quiser de você. O “Olhar de Mangá” foi um nome que eu achei para dar a este olhar. Então, em uma brincadeira, eu lembrei do olhar dos mangás japoneses e fiz este paralelo. Inclusive, neste caso da música, o olhar é do masculino para o feminino, mas “O Olhar de Mangá” não tem sexo para mim. É o olhar que escraviza o ser amado, pode ser masculino ou feminino. No caso da música, no meu caso, foi do masculino para o feminino.



ONNE - Você é considerado um sexy symbol para muitas gerações de mulheres. Você pensa em mulher o tempo todo?
EC - Bixo, eu vivo para minha família, para música e para mulher (risos). Sabe, são os meus pensamentos na vida.



ONNE - E qual é o tipo mulher que você mais admira?
EC - Não tenho distinção, bixo. Antigamente, no tempo que eu era mais quantitativo – hoje, sou mais qualitativo - eu diria que era a que tivesse mais perto. Hoje em dia não. Hoje é a que andar comigo, a que for companheira. Pode até ser machismo, mas mulher minha tem que ser igual a mulher de motociclista: tem que andar na garupa e ir pra onde eu for. Pode ser machismo isso. Ótimo é machismo e pronto. Mas mulher, para mim, tem que ser assim: mulher companheira acima de tudo, amiga, mãe, filha, amante. Ela tem que ser tudo em uma mulher só. Não me importo nem se ela tiver celulite. Não me importo se não souber fazer um arroz.



ONNE – E como foi trabalhar com Nando Reis neste álbum?
EC – A minha admiração pelo Nando já existe há muito tempo. Sempre que a gente se encontrava, a gente falava: “Pô, vamos fazer alguma coisa”. E como já teve esse papo, já abriu as portas, foi só trocar email. Eu mandava a música, e aí ele mandava a letra, depois a gente discutia a letra. Tudo troca de emails.



ONNE - Música a distância hoje, com a tecnologia.
EC - Pô, este é primeiro disco que eu estou desfrutando da tecnologia, desde a parte da produção até a parte de divulgação. Nós estamos usando tudo disponível ao nosso alcance, as novas mídias, procurando usar todas elas. É a primeira vez que eu trabalho assim.


ONNE - Mas a tecnologia hoje, para o meio artístico, é uma faca de dois gumes, enquanto ela te promove de diversas formas ela também tem o risco do download ilegal e da pirataria. Como vocês estão trabalhando para evitar esses problemas?
EC - Ninguém está trabalhando para evitar isso, porque já existe. O que se faz é tomar precauções, não liberar download, por exemplo. Eu acho que é a última fortaleza que nos resta. Porque é uma sacanagem: você faz a música com um monte de gente envolvida e tudo mais. Se o cara tiver que baixar, ele baixa no myspace. Você baixa e ouve a música. Agora você gravar a música e levar o seu cão para passear ouvindo no walkman, a música que profissionais fizeram, aí eu acho sacanagem. Aí você está roubando dinheiro da coisa. Agora se você usar para consulta, para mostrar para alguém, eu acho lógico. Por isso que a gente libera no myspace; mas não libera o download. Mas a culpa não é do público. O público foi acostumado assim. A culpa foi das gravadoras, que lá no início não prestaram atenção na internet, não procuraram meios de parcerias, não procuraram nada. Porque aí o público teria sido ensinado a agir de outra forma. Não ligaram, virou a bagunça que é, e hoje não dá mais para consertar a bagunça.



ONNE - No passado você teve problemas com a polêmica da maconha. Como você encarou os recentes discursos de FHC sobre a descriminalização da maconha?
EC - O Fernando Henrique sabe o que faz, bixo. Ele é um cara consciente, visionário, muito culto e faz parte, inclusive, de uma cúpula que pode decidir essas coisas. Eu acho muito certo esse tipo de pensamento. Hoje está muito atrasado; já devia, há muito tempo, ser [descriminalizado]. Não só esse tema, como outros temas muitos polêmicos deveriam ser considerados por pessoas que realmente têm cabeça. Tem um monte de coisas erradas que a cúpula já deveria ter decidido. Então não definem e isso gera polêmica, desgaste, mas tudo de coisas pequenas. Quando eles quiserem, tiverem vontade política de resolverem os grandes problemas do mundo, eles resolvem, porque tem que fazer. É o aborto, a eutanásia, as drogas. São temas que existem, estão na cara, invadem a sua casa, ou pela televisão ou, em tantos lares, na carne mesmo. No entanto, é sempre prorrogado, nunca é discutido por pessoas capazes de discutir; de medir os prós e contras com sabedoria. Mas o que Fernando Henrique falou, eu assino em baixo.
ONNE – Falando um pouco mais sobre covers, qual foi o melhor cover que você já fez?
EC - Eu fiz de Elvis no programa do Roberto. Eu acho que foi a minha primeira e única vez. Eu não me lembro de eu imitando outra pessoa. Bom eu não imitei, eu só me travesti e cantei as músicas. Este dia foi glorioso, foi um especial que eu fiz com o Roberto; eu e ele vestido de Elvis. E a gente fez um medley com músicas do Elvis e depois a gente termina aplaudindo o céu. Lindo, maravilhoso. Foi um momento grandioso para mim. O primeiro e único que eu fui cover.

ONNE - E qual reinterpretação de Erasmo Carlos mais te comoveu?
EC - Ah bixo, têm um monte. “É Proibido Fumar” do Skank é arrasador, bixo. Me surpreendeu mesmo, para melhor, de uma forma que não tem nem comparação com nada assim. O meu “É Proibido Fumar”, com o do Roberto, que o original é dele, canto sempre nos shows. Mas nada se compara ao “É Proibido Fumar” do Skank. “É Preciso Saber Viver”, do Titãs é muito bonito, bixo. São gravações que realmente ofuscaram o original. Têm regravações que não acrescentam nada. É apenas uma interpretação diferente, uma leitura diferente da música. Mas não acrescenta; nem melhora, nem piora. Mas têm umas que são definitivas, e essas duas eu acho muito bonitas.
ONNE - Voltando a falar da música. Como está agora tocando com uma banda completa?
EC- Cara, deu certo. Deu certo porque a mulecada nova, que tem a ver comigo, gosta dos sons que eu gosto. Também tem isso. Não daria certo se eles não gostassem, se fosse outra praia. Ganharam de cara pelos vocais, porque no meu disco eles só fazem vocal. Eu nem sabia que eles eram instrumentais também. Quando eu soube que eles tocavam, e quando eu vi eles tocarem, ah, aí eu me apaixonei de vez. A banda também é Dadi (Carvalho), uma pessoa que eu amo, uma lenda viva da música, mais o Billy Brandão, que é o guitarrista solo, e o José Lourenço, que é o meu maestro há 25 anos, sabe tudo de música. Então, estou muito feliz, tem um sonoridade legal. Eu posso falar isso porque já fizemos o primeiro show. Antes eu não falaria, mas agora eu tenho certeza disso.
ONNE - Você é considerado por muitos destes nomes que você acabou de falar como o pai do rock’n’roll brasileiro. Quais foram as grandes influências e inspirações para fazer este disco totalmente de rock?
EC - Minhas influências sempre foram as básicas; o rock’n'roll básico. De Bill Haley, Elvis, Gene Vincent, Jerry Lee Lewis e Little Richard. Agora, eu sou muito influenciado, dentro deste universo, pelos grupos vocais. Eu vim de um grupo vocal, eu comecei minha vida em um grupo vocal. Então eu sou muito vidrado em um grupo vocal, que é uma coisa que não é muito valorizada no Brasil, mas eu dou um valor incrível. Desde os tempos do The Diamonds, The Del-Vikings,The Coasters, The Platters, esse horizonte sempre me fascinou. Os Estados Unidos têm uma cultura vocal muito grande, que vem dos negros lá do Mississipi, tocando piano, gospels.
ONNE - A Rita Lee, no seu site, disse que é chegada em um machão. Você se considera um bad boy?
EC - Olha, eu já fui mais. Agora bad boy também é pela sua postura, é pelo que você diz, pelo que você faz. O meu físico ajuda isso. Então é um monte de coisas. Quem me considera um muro, por exemplo, “Oh, o Erasmo é um muro”, mas pode ser um muro de isopor. Não é assim, eu sou um cara muito romântico, muito sensível, mas tenho essa aparência de rude. Eu sou tímido no fundo, mas tiro muito partido dessa minha aparência de bad boy. Bad boy já não é tão boy. Mas continua bad.
ONNE - Você falou um pouco do amor. Você acha que nessa rebeldia do rock’n’roll tem espaço para o amor?
EC - Tem, claro. O rock’n’roll é amor. É contestação, rebeldia, mas também é amor. Inclusive quando surgiu, o rock era amor, letras românticas. Hoje em dia também, mas foi postura que foi apontada como rebeldia. A primeira leva do rock foi rebelde realmente, porque foi uma libertação. Rock para mim é liberdade, acima de tudo. Quando surgiu, foi a proposta da juventude de se sentir livre, com aquele ritmo e com a dança. A dança é importantíssima. Todo mundo se esquece da dança quando falam em rock. A dança talvez era o aríetes do movimento, que abria junto com o ritmo as portas da libertação da juventude. As letras de protesto vieram depois. E o sexo sempre comandou desde o início. Primeiro timidamente, ingenuamente e hoje em dia mais bravo, mas sempre comandou. E o amor sempre esteve de mãos dadas com o rock’n’roll.

Alguns Minutos com Erasmo Carlos
por Rafael Machtura, redação ONNE Divulgação/Gilda Midani

Ação Social no Dia das Crianças

PR JOVEM de Limeira Realiza Ação Social no Dia das Crianças

Aconteceu no dia 12 de outubro a Ação Social Dia das Crianças feita pelo Partido da República Jovem de Limeira, nos bairros Parque Nossa Senhora das Dores, 4ª etapa, e Jardim São Simão.
Esta Ação Social teve como objetivo aproximar os jovens filiados ao PR Jovem com a realidade de regiões de alta vulnerabilidade social de nossa Cidade, através de um ato de entretenimento com música e distribuição de brinquedos e bolachas a fim de proporcionar um dia mais feliz e digno.
É fundamental também esclarecer e informar in loco os jovens que serão os futuros políticos através da realidade da sociedade limeirense.
Parque Nossa Senhora das Dores – 4ª Etapa

Morfologia, Semântica e Sintaxe...nunca mais as confunda!

  Morfologia:  Descrição: A morfologia trata de um modo geral do estudo da estrutura e formação das palavras. Ao estudar morfologia, estudam...