terça-feira, 7 de junho de 2011

O QUE É COMUNISMO PARTE III



(continuação) Naturalmente tal diferenciação foi um processo nada idílico cujo motor residiu sempre na violência.


A partir dele, as sociedades humanas perderam aquele caráter comunitário, passando a se desenvolver segundo a lógica das lutas entre uns poucos possuidores e a massa dos despossuídos ( lutas entre homens livres e escravos, patrícios e plebeus, nobres e servos). Sob formas e com conteúdos diversos, esse corte antagônico entre proprietários (que detendo o poder exploram e oprimem) e não proprietários ( freqüentemente explorados e oprimidos veio reproduzir-se da antiguidade aos nossos dias nos vários tipos de organização social que se sucederam pelo menos no Ocidente - a escravista, a feudal e a burguesa moderna (capitalista).

As desigualdades sociais - derivadas essencial mas não exclusivamente da relação de propriedade - que acompanham a evolução dos homens desde a dissolução da comunidade primitiva não devem ser julgadas moralmente ( ainda que o julgamento moral seja importante).

Elas devem ser observadas enquanto fatos históricos e como fatos históricos, tem funções diferentes no tempo e aspectos simultaneamente progressistas e negativos.

Quando de seu aparecimento, por mais brutal que se tenha sido, a diferenciação entre os poucos poderosos e ricos e as massas subordinadas e pobres foi um evento que beneficiou o desenvolvimento da humanidade.

A concentração da riqueza social - ela mesma ainda em níveis muito baixos - em poucas mãos liberou alguns grupos de homens da luta imediata pela sobrevivência, os quais puderam dedicar-se a atividades crescentemente espirituais - notadamente a magia (que, posteriormente daria origem à religião, à filosofia, à ciência e a arte).

De uma forma ou de outra, os conhecimentos produzidos nessas atividades acabaram por penetrar na vida cotidiana, interferindo positivamente nas condições de geração de riquezas sociais.

Ao mesmo tempo, esse processo de diferenciação social foi criando as bases para a diversificação e o desenvolvimento de qualidades humanas especificas.

Em face da comunidade primitiva, praticamente não se pode falar de pessoas ou indivíduos: as miseráveis condições de vida impunham um gregarismo, um coletivismo que não permitia que alguns homens se destacassem duradouramente entre outros; nela é quase certa que a igualdade social equivalia a identidade entre os homens.

O individuo humano - particularizado pela sua personalidade - ainda não se diferenciava no interior do gênero humano.

Precisamente o aparecimento das desigualdades sociais possibilitou que alguns representantes do gênero humano desenvolvessem atividades que redundam em atributos (políticos, estéticos, científicos, filosóficos) que os individualizaram e que, ulteriormente, tornaram-se qualidades próprias do que se chama de essência humana.

Esta, é claro, não é algo dado para todo o sempre, imutável; é um conjunto de possibilidades ( o trabalhador criador, a sociabilidade, a consciência, a liberdade) que humaniza os homens e se constrói na história.


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